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A psicoterapia cognitivo-comportamental, através do treino de inoculação
de stress ou da reestruturação cognitiva e da resolução de problemas, é de
grande utilidade.
O facto de as situações de stress do dia a dia desencadearem frequente-
mente cefaleias faz com que o treino do paciente a reconhecer a relação entre
os componentes cognitivos dos acontecimentos, os afectos e as respostas
emocionais e comportamentais seja de grande utilidade na prevenção de stress
e, deste modo, a prevenção da dor de cabeça. A aprendizagem de novas es-
tratégias de lidar com as situações de stress promove o aumento do contro-
lo interno e das capacidades de reacção e de adaptação às situações, impe-
dindo a activação do sistema de stress. Esta intervenção terapêutica pode
ainda ser reforçada através do uso associado das técnicas de relaxamento.
O facto dos pacientes identificarem os motivos porque se desencadeou ou
agravou a cefaleia ajuda-os a desenvolverem outras estratégias. A automoni-
torização dos estados emocionais como a ansiedade, tristeza, medo da dor de
cabeça, e das respostas aos mesmos ajuda a reconhecer o que é ajustado ou
disfuncional e pode ser alvo de intervenção terapêutica e modificação das
avaliações cognitivas e das respostas comportamentais. Por exemplo, um pa-
ciente pode confundir sintomas de ansiedade com o início de uma cefaleia, e
a recolha de informação ajuda a desmontar um conjunto de cognições («estou
tenso, vai-me doer a cabeça, não vou conseguir fazer mais nada») que, por
exemplo, levariam ao uso de medicação analgésica de imediato quando pode
ter outras alternativas cognitivas e comportamentais («estou tenso mas vou
conseguir lidar com isto, relaxar», «vou conseguir trabalhar e vai-me ajudar a
passar esta tensão»). Está demonstrada a eficácia do relaxamento, biofeedback,
psicoterapia cognitivo-comportamental associada a tratamento preventivo.
Outras psicoterapias como as psicodinâmicas, a bioenergética, têm sido im-
portantes no tratamento das situações clínicas em que as causas psicológicas
são menos conscientes e de difícil elaboração da dor mental associada.
O tratamento dos pacientes com cefaleias deve ser iniciado o mais preco-
ce possível e nesta perspectiva pelo médico de família ou clínico assistente.
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