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Dor (2018) 26
 Tabela 3. Classificação radiológica de Kellgren-Lawrence 0 – Normal
1 – Estreitamento duvidoso do espaço articular e possível desenvolvimento de osteófitos
2 – Osteófitos definitivos, estreitamento ausente ou questionável do espaço articular
3 – Osteófitos moderados, estreitamento definitivo, alguma esclerose, possível deformidade articular
4 – Osteófitos de grandes dimensões, estreitamento marcado, esclerose grave, deformidade articular estabelecida
avaliada através do questionário Western Ontario and McMaster Universities (WOMAC). Os doen- tes foram avaliados antes da intervenção, ao pri- meiro mês, terceiro mês e sexto mês após a in- tervenção. O outcome primário foi a diminuição da dor na VNS ao terceiro mês após intervenção. O WOMAC foi a medida de outcome secundária. A VNS (0-10) foi utilizada para a avaliação da gravidade da dor por se tratar de uma ferramen- ta validada e confiável para o efeito. O índice de WOMAC é um questionário autoadministrado, es- pecífico de doença, para doentes com OA do joelho e anca e que incluiu os seguintes domí- nios: dor, rigidez e função. A escolha das medi- das de outcome foi baseada nas recomendações da Osteoarthritis Research Society.
Análise estatística
Utilizou-se para análise estatística o programa SPSS (IBM Corp., released 2017. IBM SPSS Sta- tistics for Windows, version 25.0, Armonk, NY, USA). Foi realizada apenas análise univariada recorrendo a Student T-Test para variáveis contí- nuas e χ2 ou Fisher test quando se comparavam variáveis categóricas. Na comparação longitu- dinal dos doentes foi realizada uma análise pre- liminar com paired sample T-Test, apresentando- -se os resultados de Anova para medidas repetidas. O valor de α foi considerado significa- tivo para valores inferiores a 5%.
Resultados
A população do estudo contemplou 52 doen- tes com idade superior a 45 anos (idades com- preendidas 45-71 anos, média 65 anos), dos quais 40 eram do sexo feminino e 12 do sexo masculino. Dos grupos terapêuticos, os doentes do grupo submetido a BoNT-A eram tendencial- mente mais velhos, com uma idade média de 67 anos (p = 0,054), em comparação com os doentes dos grupos submetidos a AH e PRP, respetivamente, 58 e 63 anos. Por comparação com os grupos terapêuticos, o grupo de contro- lo tinha os doentes com idade tendencialmente maior, com uma média de idades de 70 anos
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PRP apresentou maior homogeneidade entre gé- neros, com um número significativamente maior de homens (n = 6; p = 0,027) por comparação com os restantes grupos.
Outcomes primários
Foi definida como medida de outcome primá- ria a VNS ao terceiro mês. Todos os doentes que ingressaram o estudo, completaram os três me- ses de follow-up. Observou-se uma diminuição estatisticamente significativa na VNS, compara- tivamente ao basal (dor reportada antes do pro- cedimento), em todos os grupos de intervenção terapêutica ao terceiro mês de follow-up (Tabe- la 4). A diminuição mais significativa da dor ocorreu no grupo BoNT-A, com redução superior a 5 pontos na intensidade da dor medida pela VNS (p < 0,0001).
Outcomes secundários
O nível funcional avaliado pela escala WO- MAC foi definido como medida de outcome se- cundário para os doentes com OA do joelho. Todos os grupos terapêuticos, nomeadamente, AH, PRP e BoNT-A apresentaram benefício tera- pêutico, contudo a duração do mesmo foi variá- vel (Tabela 5). O grupo tratado com AH apresen- tou uma melhora funcional significativa que perdurou apenas até ao terceiro mês após o procedimento. Por sua vez, o grupo tratado com PRP ao terceiro mês após o procedimento já apresentava tendência a uma escassez de efei- to, o qual se veio a confirmar ao sexto mês após o procedimento. Foi o grupo submetido a inje- ção IA de BoNT-A que apresentou melhora mais sustentada e estatisticamente significativa ao longo do tempo de estudo (p = 0,007).
Efeitos laterais
Não foram registados quaisquer efeitos late- rais significativos (morte, reação anafilática à injeção, artrite sética) durante o período do es- tudo. Em todas as avaliações efetuadas, não se observaram alterações no exame neurológico sumário.
Discussão
A literatura tem demonstrado efeitos positivos das injeções IA na OA do joelho, nomeadamen- te a nível do controlo da dor e melhora da fun- ção19,20. Contudo, permanece incerto, e ainda sob debate, a magnitude deste efeito positivo na modificação da doença. A OA é uma patologia gradual e progressiva caraterizada pelo desgas- te articular degenerativo e por um remodeling articular dependente de processos inflamatórios que frequentemente se associam à exacerbação do quadro álgico21. Neste estudo, procuramos quantificar a melhora no controlo da dor e fun- ção nos doentes com OA do joelho, obtida com vários dispositivos médicos já bem estudados,
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