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Dor (2018) 26  Tabela 1. Evolução das caraterísticas da dor neuropática da doente ao longo do tempo   Antes do tratamento 1.o ciclo 2.o ciclo 3.o ciclo 4.o ciclo EN: escala numérica. Dor (EN) 7 2 7 2 5 Alodinia (EN) 7 5 7 1 2 Área dolorosa (cm2) ~60,5 ~42,5   6 doentes, limitando-se os seus efeitos nefastos locais, na sua grande maioria, a reações de hi- persensibilidade local e desconforto durante da aplicação do sistema, desconforto esse minimi- zado largamente pela administração prévia de analgésicos por via oral ou pela administração de anestésicos locais5. Quando comparado com os fármacos utiliza- dos previamente para o controlo da dor, múl- tiplos efeitos colaterais destes são evitados: tonturas, sonolência, xerostomia, náusea e obs- tipação associados à pregabalina6; obstipação, náuseas e vómitos, sedação, potencial depres- são respiratória e retenção urinária associados à administração de fentanil7; e náuseas, vómitos, xerostomia, anorexia, insónia e cansaço associa- dos à administração de duloxetina8. Um estudo recente, multicêntrico e de gran- des dimensões, demonstrou que a utilização de capsaícina 8% para o tratamento da dor asso- ciada a múltiplas neuropatias periféricas não- -diabéticas se associou a benefícios claros em termos de qualidade de vida – efeito que se manteve ao longo das 52 semanas de avalia- ção9. Conclusão A evidência que recomenda a utilização de capsaícina 8% no tratamento da dor neuropática associada a entidades que não a nevralgia pós- -herpética, neuropatia diabética e associada ao HIV é ainda escassa. O caso clínico descrito sugere a utilização de capsaícina 8% em siste- ma de administração transdérmica como opção adicional na abordagem da dor de caraterísticas eminentemente neuropáticas. O caso descrito apresenta a sua utilização com resultados posi- tivos num quadro de dor neuropática pós-ope- ratória, com precário controlo da dor com recur- so a fármacos de primeira linha, com doses otimizadas ao longo de quatro anos. A diminui- ção marcada da área dolorosa e de alodinia apresenta particular relevo na descrição do caso, relacionando-se com marcado aumento da qualidade de vida da doente. Bibliografia 1. Kehlet H, Jensen TS, Woolf CJ. Persistent postsurgical pain: risk factors and prevention. Lancet. 2006;367:1618-25. 2. Werner MU, Kongsgaard UE. Defining persistent postsurgical pain: is an update required? British Journal of Anaesthesia. 2014;113:1-4. 3. Finnerup NB, Attal N, Haroutounian S, McNicol E, Baron R, Dworkin RH, et al. Pharmacotherapy for neuropathic pain in adults: a sys- tematic review and meta-analysis. Lancet Neurology. 2015;14: 162-73. 4. Anand P, Bley K. Topical capsaicin for pain management: therapeu- tic potential and mechanisms of action of the new high-concentration capsaicin 8% patch. British Journal of Anaesthesia. 2011;107: 490-502. 5. European Medications Agency. Summary of Product Characteristics – Annex I. 2017. 6. Toth C. Pregabalin: latest safety evidence and clinical implications for the management of neuropathic pain. Therapeutic Avances in Drug Safety. 2014;5:38-56. 7. Rosenquist R. Use of opioids in the management of chronic non- cancer pain. Uptodate. 2019. 8. Rosenquist R. Overview of the treatment of chronic non-cancer pain. Uptodate. 2019. 9. Mankowski C, Poole CD, Ernault E, Thomas R, Berni E, Currie CJ, et al. Effectiveness of the capsaicin 8% patch in the management of peripheral neuropathic pain in European clinical practice: the ASCEND study. BMC Neurology. 2017;1-11. DOR 


































































































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