Page 32 A Via Epidural em Analgesia Pós-Operatória
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Figura 21. Enrolamento e oclusão
do cateter.
sintomas são clássicos, localizando-se a dor preferencialmente nos ombros, pescoço e
região occipital (nervos cervicais, glossofaríngeo e vago) e na região frontal (nervo tri-
gémeo). Aumenta com a posição supina, podendo estar associadas queixas de náuseas,
vómitos, rigidez da nuca e alterações visuais (nervo abducente).
Como consequência da diminuição da PIC, é activado um mecanismo compensatório
de vasodilatação das veias cerebrais. Esta vasodilatação provoca fenómenos de tracção
da dura mater aumentando ainda mais a PIC.
O tratamento gold standard é a realização de blood patch epidural. Diversos estudos
aleatorizados mostraram que a aplicação de 10-20 ml de sangue autólogo no espaço onde
ocorreu a perfuração produz um alívio completo e definitivo em 96% dos doentes .
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Recomenda-se que o doente permaneça em decúbito dorsal durante cerca de 2 h após
a sua realização. Não deve ser utilizado de forma profilática e como medida de primeira
linha.
O manter repouso absoluto, sem almofada, durante 24 ou mais horas e a ingestão
forçada de líquidos não provou ser um tratamento eficaz e definitivo. Deve-se evitar o
repouso absoluto porque mascara e difere as cefaleias.
A administração de soro fisiológico através do cateter epidural tem uma taxa de
sucesso de 85%. A utilização de cafeína por via endovenosa ou oral reduz a intensidade
das cefaleias, actuando sobre as veias cerebrais.
Um plano de tratamento lógico e adequado pode resumir-se nos seguintes
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passos :
– Repetir o bloqueio epidural noutro nível após a punção da dura mater.
– Administrar 30 ml de soro fisiológico pelo cateter epidural.
– Cafeína na dose de 300-500 mg ev., complementada por via oral.
– Analgesia com AINE.
– Na persistência de cefaleias, realizar blood patch no nível da punção da dura
mater.
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