Page 19 Cefaleias um desafio
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Os bloqueios anestésicos de diagnóstico podem ser de utilidade diagnósti-
ca ou terapêutica. Pode ser infiltrado um nervo occipital ou a emergência de
C2, por exemplo, e produzir-se o alívio esperado, sendo compatível com a
forte suspeita de diagnóstico clínico. No entanto, sabemos que o resultado
deve ser reavaliado posteriormente e confirmado periodicamente e não o va-
lorizarmos apenas no imediato. Verifica-se por vezes que o efeito obtido é
apenas temporário, e por isso a cefaleia nem sempre está de acordo com o
tipo de bloqueio ou estrutura infiltrada, podendo ser apenas um dos factores,
sobretudo nos casos de cefaleias crónicas e resistentes ao tratamento.
A avaliação neuropsicológica de um paciente com cefaleias pode ser ne-
cessária face à suspeita de défices mnésicos, cognitivos, agnosias, e também
pode contribuir para a avaliação da gravidade de uma depressão ou estudo de
personalidade nomeadamente através do Inventário Multifásico da Personali-
dade de Minnesota (MMPI). Outras avaliações são usuais: Symptom Checklist
90 (SCL-90), Inventário de Depressão de Beck (BDI), Teste de Rorschach,
Teste da Figura Humana e a Escala Wechler de Inteligência Adulta (WAIS).
A avaliação e registo através de testes de dor como a escala analógica vi-
sual (VAS), o Multidimensional Pain Inventory (MPI) ou o McGill Pain
Questionary (MPQ) pode também ser importante para a caracterização do
paciente com dor nas suas várias vertentes, e a sua classificação. Existem
vários modelos de registo das cefaleias mais completos ou menos completos
mas os mais simples são os que o paciente cumpre com regularidade.
O diagnóstico de uma cefaleia pode e deve ser feito pelo clínico assistente
do paciente. No entanto, se a cefaleia persistir ou assumir características atí-
picas pode ser necessário solicitar o exame complementar de um neurologista,
oftalmologista, otorrinolaringologista, ou psiquiatra, por exemplo, de acordo
com a avaliação prévia, mantendo-se o doente aos seus cuidados.
A avaliação clínica é, de facto, o maior recurso que o clínico tem, vale a
pena o investimento e esforço nesta etapa para um resultado terapêutico e
intervenção mais favorável.
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