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Dor (2018) 26 com King, et al.18, a prevalência da cefaleia é 8-83%; dor abdominal 4-53%; dor nas costas 14-24%; dor músculoesquelética 4-40%; dor múltipla 4-49%; dor com outras localizações: 5-88%. Em Portugal, pouco se sabe sobre a prevalên- cia da DC pediátrica, mas estima-se que seja elevada, logo, o seu tratamento e prevenção trariam enormes benefícios. De facto, o tratamento deve ser feito tendo em conta a causalidade multifatorial, segundo uma abordagem multimodal com componente farma- cológico, físico, psicológico e comportamental. A nível farmacológico, os opioides ainda são pouco utilizados em crianças, sendo mais utili- zados analgésicos tradicionais apesar de haver poucos testados e aprovados especificamente para DC. A nível psicológico e comportamental, as estratégias de coping e a terapia cognitivo- -comportamental podem ser usadas de várias formas. Ou seja, dirigidas ao próprio, oferecem ferramentas para encarar e controlar a sua dor. Dirigidas às pessoas que o rodeiam, por exem- plo, a família, permitem reduzir o stress e a ca- tastrofização parental que são fatores que po- dem dificultar o controlo da dor e aumentar a incapacidade13. Em suma, para que se possa fazer uma boa prevenção e um tratamento adequado da DC, é necessário fazer a sua caraterização epidemio- lógica. Uma das metas do Programa Nacional para o Controlo da Dor é caraterizar a prevalên- cia e tratamento da DC pediátrica em Portugal19. Com isto em mente, esta revisão tem o objetivo de reunir o conhecimento existente sobre DC em idade pediátrica em Portugal. Pretende-se tam- bém reunir os dados sobre prevalência e causas da DC pediátrica a nível internacional, a título comparativo. Metodologia Participantes O objetivo da revisão foi incluir artigos cujos participantes sejam da faixa etária pediátrica. Em Portugal, esta corresponde às idades entre 0 e 18 anos, no entanto, estes limites não são iguais para todos os países. Por exemplo, nos Estados Unidos da América o limite superior são 21 anos. Dadas estas disparidades, o principal critério de inclusão foi idade até aos 18 anos. No entanto, optou-se também por incluir os arti- gos que tinham maior número de participantes com menos de 18 anos do que com mais que 18 anos. Nos artigos cuja idade não era mencio- nada, incluíram-se aqueles que mencionavam frequentar a escola até ao 12.o ano. Métodos de pesquisa Foi feita uma pesquisa na PubMed (Fig. 1) desde o dia 01/01/2014 até ao dia 02/08/2018, 20 com os seguintes termos: – “Chronic Pain/epidemiology”\[Mesh\] OR “Chronic Pain/statistics and numerical data”\[Mesh\]) AND (child OR infant OR ado- lescent), da qual se obtiveram 211 resul- tados. De seguida foi feita pesquisa em fontes nacio- nais (Fig. 2). No RCAAP a pesquisa foi iniciada desde a data da sua constituição, em julho de 2008, até ao dia referido em cada termo de pesquisa: • \[“Dor crónica” AND “crianças”\] pesquisado a 19/12/2018 da qual se obtiveram 52 resul- tados; • \[“Dor crónica” e “adolescentes”\] pesquisa- do a 23/01/2019 da qual se obtiveram 28 resultados; • \[Dor Crónica Pediátrica\] no campo de “Tí- tulo”, pesquisado a 23/01/2019 do qual se obteve 1 resultado. No IndexRMP, a pesquisa foi limitada desde a data da sua constituição em janeiro de 1992 até ao dia referido em cada termo de pesquisa: • \[Dor crónica AND Pediatria\] no campo de “Título”, pesquisado a 24/01/2019, do qual se obtiveram dois resultados; • \[Dor crónica AND crianças\] no campo de “Título”, pesquisado a 24/01/2019, do qual se obteve 1 resultados; • \[Dor crónica AND adolescentes\] no campo “Título”, pesquisado a 24/01/2019, do qual não se obtiveram resultados. Tipos de estudos Nesta revisão incluíram-se exclusivamente es- tudos originais. A seleção inicial foi feita após a leitura dos resumos. Os que não foram excluídos nessa etapa foram lidos na íntegra para confir- mar as caraterísticas que permitiriam a sua in- clusão. Só foram incluídas publicações cujo tex- to completo estava disponível. Os artigos que inicialmente não estavam disponíveis e pelo re- sumo apontavam ter interesse para esta revisão foram solicitados aos seus autores. Foram ex- cluídos vários artigos conforme indicado no flu- xograma. Discussão Prevalência da dor crónica pediátrica em Portugal O objetivo deste estudo foi reunir o conheci- mento existente sobre a prevalência da DC em idade pediátrica em Portugal e fazer uma com- paração com os estudos feitos noutros países. Após a pesquisa de artigos nacionais, foram selecionados quatro artigos (Tabela 1). Estes es- tudos foram realizados em diferentes zonas do país, podendo assim oferecer uma perspetiva mais ampla da realidade nacional. A faixa etária mais estudada é a adolescência, variando a ida- de dos participantes entre os 11 e os 19 anos. A prevalência da DC varia entre 29,1 e 75,9%. DOR 


































































































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