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L. Tiago, R. José: Dor Crónica Não Oncológica
decorrendo o mesmo da distribuição do inqué- abordagem da dor em pacientes com DCNO,
rito a uma amostra de CCSP obviamente limitada torna-se necessária a realização de investigação
e determinada pela presença no Encontro Na- adicional de modo a analisar de que modo as
cional anteriormente referenciado. barreiras identificadas influenciam, de facto, a
Adicionalmente, tratando-se este de um estudo prescrição de analgésicos opióides. É particu-
com base na participação voluntária dos CCSP, larmente relevante o papel que as estratégias
os resultados obtidos podem encontrar-se distor- educacionais podem assumir na desmistifica-
cidos, podendo, pois, não ser sequer represen- ção das crenças associadas às referidas bar-
tativos de todos os CCSP presentes no referido reiras.
Encontro.
Agradecimentos
Investigação futura A Rui Manuel Cerqueira Magalhães (departa-
À semelhança do que sucede com todas as mento de Estudo das Populações do Instituto de
investigações empíricas, verifica-se a necessi- Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade
dade de validar os achados do presente estudo do Porto, Porto, Portugal) pela disponibilidade e
em outros grupos de CCSP. apoio ao nível da análise estatística do presente
Assim sendo, deverá ser desenvolvida inves- estudo.
tigação adicional de modo a determinar a pos- A José Manuel Soares Malheiro Romão (Cen-
sível generalização dos resultados a uma popu- tro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo
lação representativa da comunidade de CCSP António, Porto, Portugal) pela disponibilidade
actualmente em exercício em Portugal. demonstrada, pela revisão dos conteúdos cien-
Uma vez que o objectivo do estudo em con- tíficos e pelo apoio logístico, sem os quais seria,
sideração foi o de analisar as atitudes dos CCSP de facto, impossível a concretização do estudo
em relação à utilização terapêutica de MOF, in- em causa.
vestigações posteriores poderão estudar a pos-
sível existência de diferenças entre estes e ou- Bibliografia
tros clínicos pertencentes a especialidades 1. Direcção Geral da Saúde. Plano Nacional de Controlo da Dor. Cir-
distintas nas quais seja também relevante a re- cular Normativa N. : 11/DSCS/DPCD de 18/06/08.
o
ferida problemática (p. e. Medicina Interna e 2. Model policy for the use of controlled substances for the treatment
of pain. FSMB FoSMB; 2003.
Anestesiologia). 3. Loeser JD. Economic implications of pain management. Acta An-
aesthesiol Scand. 1999;43:957-9.
Conclusão 4. Peat S, Sweet P, Miah Y, et al. Assessment of analgesia in human
chronic pain. Randomized doubleblind crossover study of once
Os resultados do presente estudo demons- daily repro-dose morphine versus MST continus. Eur J Clin Pkarma-
tram que esta amostra de CCSP evidenciava col. 1999;55:577-81
uma atitude global moderadamente favorável em 5. Baumann T. Pain management. In: DiPiro JT, Talbert R, Yee G, et al.,
eds. Pharmacotherapy: a pathophysiologic approach. 5 ed. New
th
relação à prescrição de MOF para pacientes com York, NY: McGraw-Hill; 2002. p. 1103-17.
DCNO, embora a maioria dos clínicos se tenha 6. Potter M, Schafer S, González-Méndez E, et al. Opioids for chron-
classificado como sendo favorável à mesma. ic nonmalignant pain. Attitudes and practices of primary care
physicians in the UCSF/Stanford Collaborative Research Network.
Globalmente, os resultados deste estudo University of California, San Francisco. J Fam Pract. 2001;
são compatíveis com os existentes na literatu- 50:145-51.
ra consultada, sendo notória uma atitude glo- 7. Dickinson BD, Altman RD, Nielsen NH, Williams MA. Use of opioids
to treat chronic noncancer pain. West J Med. 2000;172:107-15.
bal aparentemente mais favorável do que a 8. Gilron I, Bailey JM. Trends in opioid use for chronic neuropathic pain:
evidenciada nos estudos similares utilizados a survey of patients pursuing enrollment in clinical trials. Can J
como referência comparativa. De resto, menos Anaesth. 2003;50:42-7.
de um quinto dos respondentes se considerou 9. Hale ME, Fleischmann R, Salzman R, et al. Efficacy and safety of
controlled-release versus immediate release oxycodone: random-
como sendo desfavorável em relação à pres- ized, double-blind evaluation in patients with chronic back pain. Clin
crição de MOF. J Pain. 1999;15:179-83.
As atitudes dos clínicos que se consideravam 10. Morley-Forster PK, Clark AJ, Speechley M, Moulin DE. Attitudes
toward opioid use for chronic pain:a Canadian physician survey.
desfavoráveis em relação à prescrição de MOF Pain Res Manag. 2003;8:189-94.
encontravam-se negativamente influenciadas 11. Nwokeji ED, Rascati KL, Brown CM, Eisenberg A. Influences of at-
pelas preocupações referentes à possível ocor- titudes on family physicians’ willingness to prescribe long-acting
opioid analgesics for patients with chronic nonmalignant pain. Clin
rência de comportamentos abusivos e/ou de Ther. 2007;29:2589-602.
adição. No entanto, a influência fortemente po- 12. Turk DC, Brody MC, Okifuji EA. Physicians’ attitudes and practices
sitiva decorrente do facto de a maioria dos refe- regarding the long-term prescribing of opioids for non-cancer pain.
Pain. 1994;59:201-8.
ridos clínicos considerarem ser provável a ob- 13. Weinstein SM, Laux LF, Thornby JI, et al. Physicians’ attitudes toward
tenção de um controlo efectivo da dor e de uma pain and the use of opioid analgesics: results of a survey from the
melhoria da qualidade de vida global dos pa- Texas Cancer Pain Initiative. South Med J. 2000;93:479-87.
cientes acabou por determinar, paradoxalmente, 14. Zagari MJ, Mazonson PD, Longton WC. Pharmacoeconomics of
chronic nonmalignant pain. Pharmacoeconomics. 1996;10:356-77.
uma atitude ligeiramente favorável por parte 15. Clark M. Pain management: the benefits and risks of opioids [The
deste grupo de clínicos. Johns Hopkins Arthritis Center website], http://www.hopkins-arthritis. DOR
som.jhmi.edu/mngmnt/opioids.html.
Face ao interesse actual na obtenção de 16. Guidelines for the assessment and management of chronic pain.
melhorias significativas no que se refere à Wisc Med J. 2004;103:13-42. 39
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