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I Parte
Introdução e generalidades
Até há bem poucos anos o mecanismo de acção da dor neuropática
era desconhecido. Com as novas tecnologias, nomeadamente as rela-
cionadas com a imagiologia, a neurofisiologia, a genética e a biologia
molecular foi possível um avanço significativo no conhecimento da
percepção, interpretação e resposta à dor pelo sistema nervoso cen-
tral.
Grande parte deste conhecimento foi adquirido com modelos ani-
mais. O aparecimento da neuro-imagem funcional (RM funcional e PET)
revelou alterações da actividade cerebral associada à dor neuropática.
Os avanços incontestáveis nestes últimos dez anos das ciências básicas
em colaboração com os clínicos levaram a um melhor conhecimento
da fisiopatologia nos diversificados mecanismos de acção e a terapêu-
ticas mais selectivas e eficazes.
O que é a dor
A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada
a uma lesão tissular existente ou potencial e descrita em função dessa
lesão (IASP). A dor, como todas as sensações, dependem da transmis-
são dos estímulos periféricos até ao cérebro, que os controla e integra.
É um fenómeno complexo contendo um componente sensorial e psico-
social reactivo cujos componentes podem ser nociceptivos, psicogéni-
cos ou idiopáticos.
Podemos dividir a dor em dois grandes grupos: a dor noniceptiva,
que resulta da activação dos receptores nociceptivos, e a dor neuropá-
tica, que resulta da lesão ou disfunção do sistema nervoso central ou
periférico.
O termo “dor neuropática” aplica-se a qualquer síndroma álgica
aguda ou crónica em que no mecanismo de acção há um processo so-
mato-sensorial aberrante ao nível do sistema nervoso central ou peri-
férico.
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