Page 31 Volume 18 - N.1 - 2010
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Dor (2010) 18


Results: A total of 154 questionnaires was considered valid and inserted in the used database (response rate
of 44% [154/350]). About two-thirds of the respondents (66.9% [103/154]) classified their attitude as being
favorable to the prescription of MO. Almost all the physicians considered as probable the obtention of an
effective pain control (98.7% [147/149]) and a significant improvement in the global patient’s quality of life
(94.0% [140/149]). The occurrence of abusive behaviors was considered probable for 43.2% (64/148) of physicians,
whereas 39.2% (58/148) of them considered as probable the appearance of addictive behaviors.
Conclusion: The results of the present study show that this sample of PHCP present a global attitude
moderately favorable in relation to the prescription of MO for patients with CNOP. (Dor. 2010;18(1):29-40)
Corresponding author: Leonor Tiago, leonortiago@gmail.com
Key words: attitudes, primary health care, chronic nononcologic pain, major opioids





Introdução prescrição de MOF para pacientes com DCNO,
mesmo quando estes apresentavam indicação
Entende-se por DCNO a que, resultando de clínica formal 15-19 . O possível desenvolvimento
qualquer patologia não neoplásica, se mantém, de comportamentos de adição, dependência fí-
de forma contínua ou recorrente, por 3 ou mais sica e/ou consumo abusivo foram alguns dos
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meses . factores identificados como determinantes da
Uma abordagem efectiva (diagnóstica e te- disponibilidade dos clínicos em relação à referi-
rapêutica) da DCNO constitui um problema da prescrição 8,20-23 .
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de saúde relevante, nomeada e principalmen- Segundo um estudo de Potter, et al. , 35%
te ao nível dos cuidados de saúde primários, dos CCSP inquiridos não prescreveriam MOF
nos quais proliferam as queixas álgicas po- para pacientes com DCNO, mesmo que se ve-
tencialmente classificáveis como tradutoras de rificasse uma não responsividade a qualquer
DCNO . um dos tratamentos efectuados. A referida evic-
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De resto, são as patologias do foro osteoarti- ção era justificada com o receio da possível
cular e musculoesquelético (particularmente ocorrência de comportamentos aditivos e/ou
frequentes ao nível dos cuidados de saúde dependência.
primários), e não a dor de etiologia oncológica, Mais recentemente, um estudo de Nwokeji,
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as principais causas de dor crónica (DC), sen- et al. revelou que dois terços dos CCSP ques-
do, entre estas, a lombalgia a causa mais pre- tionados se consideravam favoráveis à prescri-
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valente . ção de MOF para pacientes com DCNO de in-
Sendo considerada um verdadeiro desafio tensidade moderada-forte. Aproximadamente
tanto pelo paciente como pelo prestador de 80% dos respondentes acreditava que os MOF
cuidados, os componentes sensitivos, emocio- seriam efectivos no controlo da dor e na melho-
nais e comportamentais associados à etiolo- ria da qualidade de vida global dos pacientes
gia e/ou intensidade da DCNO tornam, fre- com DCNO. No entanto, cerca de metade dos
quentemente, o respectivo tratamento bastante inquiridos (51%) fazia referência à possível ocor-
complexo . rência de comportamentos de adição por parte
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Existe, actualmente, um número considerável dos pacientes.
de alternativas terapêuticas visando o tratamen- A falta de formação específica e a existência
5
to de pacientes com DC . Os analgésicos opiói- de crenças por parte dos clínicos determinam a
des são considerados fundamentais na aborda- respectiva atitude em relação à utilização tera-
gem do supramencionado tipo de dor. Em pêutica de MOF, a qual, por sua vez, acaba por
particular, os MOF devem ser utilizados no influenciar as suas decisões relativamente à
tratamento da DCNO de intensidade modera- prescrição da mesma para pacientes com
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da-forte . DCNO 17,18,22 .
A utilização deste tipo de analgésicos é Diversos estudos tentaram já analisar o co-
rodeada, contudo, de alguma controvérsia, nhecimento e as crenças dos clínicos em geral
sendo notória a inexistência de consenso no em relação à prescrição de MOF. No entanto,
que se refere a potenciais indicações e for- pouco se sabe ainda sobre a forma como os
mas de prescrição de MOF para pacientes factores em causa determinam as respectivas
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com DCNO . atitudes e, consequentemente, a sua disponibi-
Inúmeras têm sido as directrizes elabora- lidade em relação à supramencionada prescri-
das de modo a orientar os clínicos no trata- ção 4,17,22 .
mento da DC 1,8-14 . Apesar das directrizes O objectivo do presente estudo foi, essen-
DOR existentes, estudos entretanto efectuados de- cialmente, o de analisar as atitudes dos CCSP
e a respectiva disponibilidade em relação à
monstraram a existência de um número signi-
30 ficativo de clínicos relutantes em relação à prescrição de MOF para pacientes com DCNO
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