Page 35 Analgesia em Obstetrícia
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O material a utilizar deve ser adequado ao morfotipo: existem agulhas de
11 ou 12 cm para as senhoras com grande panículo adiposo… por outro lado,
recomendamos vivamente a familiarização com diversos tipos de agulhas e
seringas, de forma a não se verificar a situação “absurda”, por vezes existente,
de colegas que não aplicam a técnica porque apenas têm disponível seringas de
baixa resistência em PVC…

5.6.1.2. Analgesia sequencial (subaracnoideia-epidural)
É a técnica que utilizamos, hoje em dia, em cerca de 90% dos casos. É
particularmente apropriada para as situações de grande agitação por dor
intensa ou muito frequente (<2 a 3 min de intervalo), ou nos casos de primípa-
ras que se apresentam na sala de partos na fase final (8 a 10 cm de dilatação
cervical) do primeiro estádio. Com efeito, se o parto pode ocorrer de forma
rápida, por vezes nestes casos o segundo estádio é bastante prolongado, e a
presença do cateter epidural será então de grande importância.
Adicionalmente, é nossa convicção pessoal, ainda não demonstrada, mas
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corroborada por outros investigadores , de que o tempo total do primeiro
estádio do trabalho de parto é menor após a utilização desta técnica.
Uma grávida álgica tem uma probabilidade elevada de se movimentar,
mesmo que ligeiramente, caso tenha dor intensa no momento em que a agulha
de Tuohy está colocada no espaço epidural. Na técnica sequencial “clássica”
(agulha por dentro de agulha), é nesta fase que o anestesiologista aguarda, por
vezes “pacientemente”, o refluxo de licor na agulha 27G. Assim, o risco de
laceração da duramáter pela agulha de Tuohy aumenta consideravelmente.
Estes riscos reduzem-se exponencialmente, através da técnica por nós
utilizada, de grande rapidez e simplicidade de execução, a seguir descrita:
Prepara-se um campo para um bloqueio subaracnoideu. Usando uma
agulha 27G ou 29G, por abordagem paramediana (pela aparente redução da
incidência de cefaleias pós-punção, usando esta via de abordagem 18,19 ) ao nível
de L5-L4 ou L4-L3 ou L3-L2 – efectua-se um bloqueio analgésico subaracnoi-
deu. O fármaco usado habitualmente, e sempre num volume total de 3 ml, é
um de entre:
• 5 mg de ropivacaína (2,5 ml da solução de 2 mg/ml) + (opção A ou B
de opióide)
• 2,5 mg de levobupivacaína (1 ml da solução a 2,5 mg/ml) + 1,5 ml de SF
+ (opção A ou B de opióide)
• Opção A de opióide: 2,5 µg de sufentanil (0,5 ml da solução a 5 µg/ml)
• Opção B de opióide: 25 µg de fentanil (0,5 ml de fentanil)
A injecção é efectuada em decúbito lateral e cabeceira da cama a 0º,
podendo ser rápida. Habitualmente, 60 a 240 s após a injecção existe um alívio
de 60 a 90% da dor. O bloqueio sensitivo alcança facilmente, no nível superior,
T8 a T10. O nível inferior é habitualmente S4 ou S5. Globalmente, a solução
parece ter um comportamento do tipo isobárico. Nas soluções com opióide,
apenas existe parestesia dos membros inferiores, habitualmente com bloqueio
motor Bromage 0 ou 1. Não há também habitualmente qualquer tipo de
alteração hemodinâmica, sendo que por norma não necessitamos de preenchi-
mento vascular com cristalóides ou colóides. É frequente prurido ligeiro a
moderado. O efeito da analgesia dura habitualmente 90 a 120 min.
O intervalo de tempo em que se aguarda o efeito da injecção subaracnoideia é
utilizado para, calmamente, preparar o material para a colocação do cateter
epidural, pela técnica clássica, com abordagem mediana ou paramediana. Caso o

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