Page 48 Analgesia em Obstetrícia
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1. Desinformação da sociedade (casal) sobre os benefícios para o binó-
mio maternofetal do processo natural de nascimento.
2. Impreparação psicológica e cultural da mulher para o parto vaginal.
3. Falha da qualidade de informação durante o período pré-natal.
4. Medo de sentir dor durante o parto.
5. Valorização da formação cirúrgica do médico obstetra.
6. Maneira intervencionista e tecnicista de alguns profissionais, actuando
sem um verdadeiro fundamento científico.
7. Comodidade e controle da equipa médica.
8. Falha na fiscalização do cumprimento de uma política de saúde.
Independentemente das motivações para este aumento da incidência da
cesariana, somos no nosso dia-a-dia confrontados com um maior número de
puérperas a quem temos o dever e obrigação de proporcionar um bem-estar no
pós-operatório tão bom quanto possível.
Tabela 1. Consequências da dor pós-operatória mal controlada
Cardiovasculares Aumento da FC, TA, consumo de O , parecimento
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de arritmias e patologia isquémica em grávidas
predispostas, etc.
Respiratórias Diminuição da CV, CRF, hipoventilação
alveolar, possibilidade de microatelectasias e
infecções respiratórias
Gastrintestinais Diminuição do tónus muscular, vasoconstrição
esplâncnica, íleo
Genitourinárias Diminuição global do tónus muscular, retenção
urinária
Hemostáticas Imobilidade pode predispor a ocorrência de
fenómenos tromboembólicos
Endocrinometabólicas Atraso no início do aleitamento e constelação
de respostas endocrinometabólicas que
acompanham a dor aguda
Psicossociais Mais lenta reinserção social, laboral e familiar,
sensação de dependência e depressão reactiva
Económicas Aumento de custos institucionais com aumento
de tempo de internamento
7.2. Os fármacos
Quando se fala na analgesia do pós-operatório da cesariana, apesar de
apresentar algumas particularidades, tem de ser sempre enquadrada num
âmbito mais global, onde se insere a dor pós-operatória na sua generalidade.
Os fármacos utilizados e a monitorização clínica dessa mesma analgesia,
terão sempre de obedecer a rigorosos critérios clínicos e científicos, que
extravasam qualquer tipo de cirurgia em particular.
Podemos, então, na generalidade, referir os aspectos básicos do tratamen-
to da dor pós-operatória:
1. Eleição do fármaco mais adequado à intensidade da dor e ao tipo de
paciente.
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