Page 46 Cefaleias um desafio
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específicos da COX-2 : Naproxeno, Indometacina, Etoricoxibe, Valdecoxib.
Outros : Óxido de magnésio, Contraceptivos orais, Estrogénios, Riboflavina,
Melatonina, Triptófano.
Tratamentos físicos

O recurso a intervenções anestésicas locais nos músculos pericranianos ou
nos nervos tem sido descrito com resultados favoráveis no tratamento das
cefaleias embora faltem estudos para a confirmação da experiência individual
e o desenvolvimento adequado desta área para providenciar um suporte fisio-
patológico para a sua justificação. As infiltrações anestésicas cervicais cutâ-
neas e subcutâneas têm também sido usadas com sucesso. Por outro lado, a
necessidade de material e condições apropriadas limitam o uso mais corrente
destes tipos de prática. São exemplos os bloqueios anestésicos pericranianos, o
bloqueio do grande nervo occipital, e o bloqueio do terceiro nervo occipital C3.
As técnicas usadas pela medicina física são também de grande utilidade
nas cefaleias se verificarmos que os componentes periféricos são relevantes
na cefaleia. A presença destes tem que ser bem determinada, pois só o facto
das queixas serem referidas à região occipital não é justificação. Por outro
lado, o facto de um paciente sofrer de enxaqueca não exclui que possa nalgum
período da vida sofrer de uma cefaleia cervicogénica. Além dos factores men-
tais penso que a tensão muscular, a postura da pessoa, condições raquidianas
patológicas ou não e a sobrecarga muscular são outro grupo muito importan-
te que contribui para as dores de cabeça. A intervenção neste grupo com as-
sociação do tratamento físico tem revelado benefícios e alívio da dor por pe-
ríodos mais prolongados. Esta intervenção é, no entanto, individual, específica
e estipulada de acordo com os factores encontrados em cada paciente e em
conjunto com os outros tratamentos que o paciente necessite. O êxito desta
intervenção depende da combinação executada pelo fisioterapeuta para além
da terapia manual ou através de aparelhos (estimulação eléctrica transcutânea,
ultra-sons), do exercício físico (p. ex. mobilização activa e passiva), também
a educação para os factores de agravamento observados, postural e ergonómi-
ca, e o ensino de práticas para o dia a dia do paciente.
Psicológico

Como já vimos, vários mecanismos psicológicos podem contribuir para a dor
de cabeça. A dor de cabeça não é apenas o resultado ou somatório dos acon-
tecimentos despertados por um estímulo nominativo.
A componente emocional da dor de cabeça é raramente abordada em ter-
mos de avaliação, e exemplo disso é a classificação internacional de cefaleias
que é descritiva, centrando-se predominantemente nos aspectos sensoriais.
O que pode ter como consequência é a visão dualista e dicotómica do
problema, o que desfavorece largamente o doente e o tratamento.
Há que distinguir entre a patologia psiquiátrica e o que são factores de
ordem psicológica associados ou reactivos a uma condição clínica, neste caso
a dor de cabeça. Pois, se no primeiro há lugar a um tratamento ou ajuda psi-
quiátrica da condição, pois se assim não se proceder estamos a adiar e a
protelar um tratamento de ambas as condições, já que uma sem a outra não
melhora, no segundo caso os factores de ordem psicológica devem ser avalia-
dos sempre e valorizados no acompanhamento do doente, pois fazem parte do
componente emocional e afectivo da dor de cabeça mas que podem evoluir
para uma complicação mais séria. Esta evolução será complicação da condição


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