Page 48 Cefaleias um desafio
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lho electrónico e actualmente computorizado), em simultâneo com métodos
de relaxamento geral ou local em que o paciente tem a informação imediata
somática traduzida em valores ou outros sinais visuais ou auditivos de acordo
com o estado físico no momento. Permite, de um modo directo para o pacien-
te, tomar consciência da evolução do seu tratamento e do seu autocontrolo já
que estes sinais podem ser também quantificados de sessão para sessão. No
caso dos pacientes com cefaleias, é útil o biofeedback electromiográfico para
atingir o relaxamento e diminuição do tónus muscular dos músculos craniofa-
ciais, mas também a resposta vascular pode ser medida indirectamente através
da temperatura cutânea. A experiência prática tem revelado que é um dos
métodos com grandes vantagens no tratamento das cefaleias pois não é inva-
sivo e em que se consegue uma boa colaboração do paciente. Também se ve-
rifica que as melhorias são mais estáveis, por exemplo, na cefaleia de tipo
tensão do que com o uso associado ou apenas de medicação, talvez pelo factor
de mudança ser mais interno e a maior aquisição de autocontrolo por parte da
pessoa. Nas cefaleias crónicas diárias, em conjunto com outras técnicas cog-
nitivas e comportamentais e a medicação, o biofeedback é um contributo para
melhores resultados.
A electromiografia de superfície também é usada como método de biofee-
dback, contribuindo de modo bastante eficaz para aceder ao músculo que
queremos relaxar em casos de dor localizada cervical com irradiação frontal
ou, pelo contrário, estimular se a fragilidade muscular for responsável, por
exemplo, pela má postura da pessoa e condicione tensão muscular reflexa
cervical. No caso das cefaleias, a actividade bioeléctrica dos músculos da ca-
beça e do pescoço e da parte superior da região escapular é avaliada e visua-
lizada pelo paciente, e o programa terapêutico objectivo é estabelecido com o
paciente e os resultados são também monitorizados além de experimentados
pelo paciente.
Psicoterapias

As intervenções psicoterapêuticas são de grande utilidade nos pacientes com
cefaleias crónicas, com insuficiente resposta aos tratamentos farmacológicos,
antecedentes de abuso medicamentoso, na gravidez e amamentação, preferên-
cia do doente por tratamento preventivo não farmacológico, mas também em
pacientes em que há um nítido componente psicológico determinante da cro-
nicidade. Nesta última condição, esta indicação não é apenas complementar
mas prioritária, devendo o paciente ser informado e orientado para que depois
decida elucidado. É, no entanto, frequente que o paciente manifeste a vontade
prioritária que outros lhe tirem a dor de cabeça e não que o ajudem a lidar e
a resolver a dor de cabeça. É, de facto, difícil entrar num tratamento em que
o objectivo imediato não é tirar a dor de cabeça ou que a dor de cabeça é
influenciada pela mente.
Estão indicadas, nos pacientes com cefaleias primárias, com o objectivo
de reduzir a frequência, a incapacidade, os componentes emocionais, aumentar
a compreensão e adesão ao tratamento, aumentar o controlo emocional e
comportamental sobre a dor de cabeça e tratar os factores psicológicos asso-
ciados ou contribuintes da cefaleia.
As intervenções psicoterapêuticas mais simples podem e devem ser sempre
conduzidas pelo próprio clínico que está a tratar a pessoa com cefaleias. A
prática clínica demonstra que estas na maioria dos pacientes são suficientes e
eficazes.


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