Page 4 Volume 13 - N.2 - 2005
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Dor (2005) 13 José Manuel Castro Lopes: Mensagem do Presidente da APED

Mensagem do Presidente da APED



José Manuel Castro Lopes






Celebrou-se no passado dia 14 de Junho mais vital viesse a revelar a necessidade de serem
um Dia Nacional de Luta Contra a Dor. A APED criadas UDA que permitissem um melhor con-
assinalou esta data através de duas iniciativas trolo da dor pós-operatória, pois é inegável que
com objectivos distintos. os maiores avanços no controlo deste tipo de
No próprio dia 14, foi assinado um protocolo dor estão associados à existência daquelas uni-
entre a APED e a Ordem dos Enfermeiros que dades. A falta de informação e motivação dos
visa a colaboração na realização de acções de profissionais de saúde para o dever de tratarem
formação pós-graduada no âmbito da dor. Cons- a dor iatrogénica resultante dos procedimentos
ciente da importância fundamental dos profissio- cirúrgicos, a falta de consciencialização dos do-
nais de enfermagem na aplicação da norma da entes para o direito que lhes assiste de serem
Direcção Geral de Saúde que equipara a dor a tratados dessa dor, ambas consubstanciadas
o
5. sinal vital, e do aparente baixo nível de im- num baixo índice de aplicação da norma referi-
plementação desta norma, um dos principais da, poderão ser as causas principais da aparen-
objectivos destas acções será a sensibilização te evolução negativa. Será necessário promover
e formação dos enfermeiros na avaliação da dor. mais campanhas de sensibilização da popula-
A APED criou, através da Enf. Ananda Fernan- ção em geral, alertando para a inutilidade e ini-
a
des, um modelo de «mini-curso» a realizar nos quidade da dor aguda pós-operatória, e, simul-
hospitais, e é particularmente importante o pa- taneamente, os profissionais de saúde e gestores
pel da Ordem dos Enfermeiros na promoção e hospitalares deverão ser informados da obriga-
divulgação desta iniciativa junto dos seus mem- toriedade da avaliação e registo regular da in-
bros. Saliente-se que a Fundação Oriente/John- tensidade da dor, e das múltiplas vantagens das
son & Johnson para a Saúde concedeu um fi- UDA no apoio aos doentes submetidos a inter-
nanciamento para a realização destas acções, venções cirúrgicas.
no âmbito de um concurso para apoio de pro- A outra iniciativa da APED que marcou as co-
jectos na área da dor. memorações do Dia Nacional de Luta Contra a
Estas acções são tão mais importantes quan- Dor foi a realização do 2. Encontro Nacional das
o
a
to é sabido que o tratamento da dor a nível Unidades de Dor, sob a presidência da Dr. Be-
hospitalar, e da dor aguda pós-operatória em atriz Craveiro Lopes e com o apoio exclusivo da
particular, não tem recebido a atenção que é Grünenthal. Foi uma reunião muito participada,
indispensável para a melhoria da prestação de organizada segundo um modelo de workshops
cuidados de saúde e para a humanização dos temáticos que proporcionaram uma discussão
hospitais. O inquérito levado a cabo pela Comis- viva sobre cinco temas:
são de Acompanhamento do Plano Nacional de – Barreiras à prescrição de opióides.
Luta Contra a Dor veio demonstrar que o núme- – Competência em Medicina da Dor.
ro de hospitais com Unidades de Dor-Aguda – Terapêuticas invasivas nas Unidades de
Pós-Operatória (UDA) diminuiu em relação a Dor.
1999, enquanto o número de Unidades de Dor – Optimização da terapêutica com opióides.
Crónica aumentou significativamente (mais de – Registo clínico nas Unidades de Dor.
40%). É difícil encontrar as razões para este As principais conclusões dos workshops fo-
retrocesso, sobretudo quando comparado com ram depois debatidas e votadas em sessão ple-
a evolução positiva das Unidades de Dor Cróni- nária, tendo sido grato verificar não só o empe-
ca. De facto, enquanto estas implicam a criação nho dos participantes na discussão e votação
de estruturas físicas e equipas multidisciplina- das conclusões, como também o consenso que
res, as UDA são, tal como está consignado no se estabeleceu na maioria dos casos. Ficou a
Plano Nacional de Luta Contra a Dor, unidades vontade de dar continuidade a alguns dos
funcionais que promovem programas de actua- workshops, através da criação de grupos de
ção organizada e protocolizada em analgesia trabalho com a finalidade de elaborarem docu-
pós-operatória, que devem incluir todos os pro- mentos consensuais que sirvam de normas ou
fissionais de saúde envolvidos nos cuidados guidelines, tendo como base o trabalho efectu-
peri-operatórios, nomeadamente anestesistas, ado nos workshops. Por outro lado, o sucesso
cirurgiões e enfermeiros. Por outro lado, espera- da reunião levou a que a APED e a Grünenthal DOR
va-se que a aplicação da norma da Direcção se comprometessem desde já a realizar a 3.
a
Geral de Saúde que equipara a dor a 5. sinal edição no próximo ano. 3
o
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