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Dor (2009) 17

Editorial i


Considerações Iniciais


Duarte Correia





o responder afirmativamente ao convite, menos frequentes ou divulgados no «panorama»
a
endereçado pela Dr. Sílvia Vaz Serra, ilustre da dor em Portugal, tentando promover de acordo
Adirectora da revista DOR, não imaginaria com o legis artis novas modalidades terapêuticas,
as inúmeras dificuldades que se depararam na que serão certamente úteis na nossa actividade
elaboração deste volume. diária.
Foi nossa intenção tentar obter a participação Actividade que implica algumas vezes trata-
do maior número possível de colegas que dia- mentos que condicionam um repensar e reflectir
riamente se dedicam ao tratamento da dor em prévio dos profissionais, um conhecimento infor-
Portugal, realizando procedimentos invasivos, mado e uma decisão conjunta médico-doente
com vivências, conceitos e experiências díspa- ponderados todas as variáveis, riscos, vantagens,
res que traduzissem nesta monografia diferentes sucessos e insucessos, sem expectactivas inúteis
perspectivas neste âmbito da medicina da dor. ou facilidades duvidosas.
Infelizmente, por muitos e variados motivos, Todos estes factores, analisados sem entu-
não foi possível em tempo útil uma maior parti- siasmos fúteis, impregnados num bom senso,
cipação e colaboração activa de um maior nú- que não está descrito, nem se poderá adquirir
mero de médicos e outros profissionais, que num artigo ou livro de texto de especialidade, mas
permitiria uma visão mais lata, de maior interdis- que necessariamente deverá ter em consideração
ciplinaridade e multidisciplinaridade como ambi- todas as circunstâncias, ponderáveis ou não,
cionávamos. sem nunca excluir o treino e a destreza de quem
Tão pouco foi possível elaborar este volume as executa e as realidades objectivadas pela
da revista DOR apenas com artigos de autores medicina baseada na evidência.
portugueses, porque a actividade clínica diária Recordo-vos que muitos destes pacientes
dificulta e impossibilita uma colaboração que com dor crónica apresentam problemas multidi-
muitos ansiavam mas que se tornou irrealizável mensionais complexos, e uma intervenção inte-
e impraticável. grada de natureza biopsicossocial será sempre
Ao assumir a opção de convidar autores não o mais adequado nestes doentes .
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portugueses, fi-lo na convicção que os colegas É necessário termos sempre em mente que
que participam são uma mais valia importante, não existe um tratamento único para todos os
com uma enorme experiência neste tema, com pacientes com dor e que algumas das nossas
um vasto labor clínico nesta área do saber cien- intervenções fracassam, não sendo obviamente
tífico e com uma capacidade didáctica que con- eficazes em todas as situações clínicas mas
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sidero notável. jamais... The treatment should never be worse
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Ultrapassados variados obstáculos, enxerta- than the disease! .
dos em curtos períodos de desmotivação, fruto A todos os leitores desejo uma leitura atenta,
e produto de alguns acontecimentos ocorridos uma reflexão serena, sobre este tema, desejan-
no decurso deste ano, e após algumas hesita- do muito sinceramente que o conteúdo desta
ções no conteúdo, forma e conceito como deve- monografia seja útil na vossa actividade clínica,
ríamos elaborar esta monografia, apoiados com e que eventualmente contribua para que um
a prestimosa e inestimável colaboração de todos maior número de profissionais se dediquem ao
aqueles que se disponibilizaram a relatar a sua tratamento da dor no nosso país.
experiência neste âmbito, colaborando neste nú-
mero da revista DOR, desejo e acredito que o Bibliografia
contributo de todos os autores possibilite uma
reflexão serena, ponderada e tranquila sobre es- 1. Justins D, Siemaszko O. Pain 2002. An update review: refresher
course syllabus. In: Giambardino MA, ed. Seattle: IASP Press;
tas modalidades terapêuticas. 2002.
Estando a revista condicionada a um número 2. Hicks NR. Some observations on attempts to measure appropriate-
ness of care. BMJ. 1994;309:730-3.
máximo de páginas previamente definido, opta- 3. White PF, Kehlet H. Improving pain management: are we jumping
mos por inserir neste volume alguns tratamentos from the frying pan into the fire? Anesth Analg. 2007;105(1):10-2.
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