Page 40 Volume 23 - N4 - 2015
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A.C. Rocha, J.P. Pinheiro: Estimulação Elétrica Transcutânea na Dor Lombar Crónica
TENS convencional, TENS de baixa frequência (ponto zero), três dias após as 2, 4 e 8 semanas,
e TENS bifásica e no primeiro e segundo mês após o término
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Um estudo controlado e randomizado en- das sessões. Os autores concluíram que a uti-
lização repetida da PENS, em comparação com
volveu 324 doentes com DLC em quatro gru- a TENS, tem um efeito cumulativo na melhoria
pos: TENS convencional; TENS de baixa fre- dos outcomes ao fim de um mês do término
quência; TENS bifásica e grupo TENS placebo. da sua aplicação, com significado estatístico.
Foi aplicado o RDQ para avaliar a interferência No entanto, o mesmo não se verificou ao fim
da lombalgia na função do doente, o questio- do segundo mês após término das sessões de
nário de McGill da dor, a EVA, a escala de PENS e TENS.
depressão de Zung, para autoavaliação de de-
pressão, e foram avaliadas as amplitudes e ca-
pacidade de flexão/extensão dos membros in- Discussão © Permanyer Portugal 2016
feriores e coluna lombar. As avaliações foram Através da análise destes estudos, podemos
feitas às 0, 2 e 4 semanas de tratamento. Os verificar que a TENS por si só não é claramente
autores verificaram que, independentemente mais eficaz que o placebo para o tratamento da
da modalidade de TENS aplicada, os resulta- DLC. Apesar de uma melhoria clínica a nível
dos obtidos não diferiam significativamente em da intensidade da dor, da capacidade funcional
relação ao placebo. Não foi demonstrada eficá- e da qualidade de vida, não há evidência esta-
cia clínica da TENS em relação ao placebo no tisticamente significativa. Apenas um estudo
tratamento da DLC. publicado por Topuz, et al. salientou a impor-
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tância clínica do TENS em comparação com o
TENS convencional, TENS de baixa frequência placebo.
e PENS A aplicação da PENS melhora significativa-
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Topuz, et al. avaliou o efeito de diferentes mente a intensidade da dor e a capacidade fun-
modalidades de eletroestimulação (TENS con- cional, quando comparada com a TENS. O efei-
vencional, TENS de baixa frequência e PENS) to analgésico da PENS parece ser cumulativo,
na dor, capacidade funcional e qualidade de mas mais estudos são necessários para deter-
vida de 60 doentes com DLC. Os doentes fo- minar o seu efeito sustentado. Diferenças clini-
ram divididos em três grupos com tratamento camente significativas na intensidade da dor e
ativo (TENS convencional, TENS de baixa fre- na capacidade funcional entre a TENS conven-
quência e grupo PENS) e um grupo controlo. cional, a TENS de baixa frequência e a TENS
Os doentes foram submetidos a uma sessão de bifásica não foram observadas, quando utiliza-
tratamento cinco vezes por semana, com a du- das isoladamente.
ração de 20 min cada, durante duas semanas. O tratamento da DLC com a aplicação con-
Na avaliação clínica e psicossomática utiliza- junta da TENS e ACP traduziu-se numa melhoria Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação.
ram: EVA para a dor; índice de Oswestry para significativa da dor e funcionalidade, em rela-
a incapacidade lombar; SF-36 para a qualida- ção ao uso isolado de cada modalidade, cujos
de de vida e o questionário de depressão de resultados obtidos não são estatisticamente sig-
Beck para avaliação clínica de depressão. A nificativos.
avaliação dos outcomes foi feita pré e pós-
tratamento. Este estudo mostrou resultados
significativamente superiores nos grupos do Conclusões
TENS convencional, TENS de baixa frequência As revisões mais recentemente publicadas 17-20
e PENS, quando comparado com o grupo con- sobre a evidência da TENS na DLC reforçam as
trolo, para os outcomes considerados. Não fo- conclusões dos estudos analisados, demons-
ram observadas diferenças significativas nos trando que não há evidência suficiente para a
outcomes dos grupos TENS convencional e sua aplicação na DLC. As últimas orientações
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TENS de baixa frequência, quando compara- europeias sobre o tratamento da lombalgia
dos entre si. Foi observada uma melhoria sig- crónica corroboram igualmente esta conclusão
nificativa da dor e da qualidade de vida nos e não recomendam a sua aplicação na DLC.
doentes que realizaram PENS, em comparação Consideram que a TENS não foi mais eficaz do
com aqueles que realizaram TENS convencional que o placebo, a PENS e a ACP neste grupo de
e de baixa frequência. doentes.
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Um outro estudo comparou a eficácia da Uma revisão elaborada pela Cochrane está
TENS com a PENS no tratamento da DLC. Os atualmente em curso, com vista a demonstrar a
60 doentes foram submetidos a tratamento eficácia da TENS na lombalgia crónica, cujo pro-
duas vezes por semana, durante oito sema- tocolo já se encontra elaborado e publicado,
nas, divididos por três grupos: PENS, PENS + aguardando-se os resultados.
TENS e TENS. Foi medida a intensidade da Entretanto, mais estudos sobre a utilização da
dor (EVA) e a capacidade funcional (questio- TENS no tratamento dos doentes com DLC são DOR
nário de escolha múltipla) duas semanas pré- necessários, especialmente dirigidos aos meca-
-tratamento, imediatamente antes do tratamento nismos de controlo da dor. 39
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