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Tratamento












As cefaleias constituem um grande desafio clínico e na maior parte das vezes
não têm uma causa objectiva visível e por isso primárias ou funcionais. O
tratamento mais importante é a relação médico-paciente. Assim sendo, não
basta o tratamento das dores de cabeça mas das pessoas que sofrem de dores
de cabeça. Excluindo as cefaleias de causa orgânica não há nenhum tratamen-
to cujos mecanismos de acção na redução da dor preencha todos os requisitos
e assim estamos ainda longe de um tratamento único, específico e eficaz.
Um dos grandes motivos da importância de uma cuidada avaliação e a
reavaliação clínica relaciona-se com o tratamento a seguir com o paciente.
Uma das prioridades é o tratamento assentar sempre numa base diagnóstica
segura e uma outra prioridade é o tratamento ser sempre baseado na etiopa-
togenia, isto é, há necessidade de compreender os mecanismos que causam
a cefaleia e o peso relativo de cada um em cada caso. O tratamento é sempre
único e pessoal. O paciente deve entender os objectivos. Só deste modo é
possível conseguir melhores resultados no tratamento das cefaleias pois só
o diagnóstico que se trata de uma cefaleia de tipo tensão episódica e a ad-
ministração correcta de um fármaco anti-inflamatório não esteróide pode não
ser o suficiente se estiverem presentes mecanismos psicológicos relevantes.
A falta de uma intervenção nestes pode condicionar a evolução para a cro-
nicidade da cefaleia e a transformação numa cefaleia crónica diária. A pre-
venção secundária e terciária das cefaleias é uma medida com grande alcan-
ce económico.
O tratamento dos pacientes com cefaleias pode-se orientar segundo uma
vertente orgânica imediata como é o caso urgente face a uma suspeita de
hemorragia cerebral por ruptura de um aneurisma cerebral ou suspeita de uma
meningite. Nos casos orgânicos, a orientação terapêutica é bem definida, ob-
jectiva e bem sucedida, conseguindo-se a resolução da cefaleia.
Noutros casos, podemos estar perante uma agudização ou início agudo de
uma cefaleia primária e então temos que fazer, sobretudo, o tratamento sinto-
mático da crise de dor.
O objectivo do tratamento sintomático farmacológico e não farmacológico
é reduzir a intensidade ou anular a dor de cabeça e os sintomas associados.
Este tipo de tratamento deve ser usado por tempo limitado, caso contrário
vamos contribuir para a cronicidade da dor de cabeça, embora existam excep-
ções. É necessário elucidar o paciente e aconselhar sobre o uso da medicação
e a possibilidade de tratamento preventivo se justificar. Os fármacos usados
são para a situação de dor aguda. Podem, no entanto, sobrepor-se ao tratamen-
to preventivo quando os episódios de dor de cabeça são frequentes. Os mais
usados em geral são os analgésicos, os anti-inflamatórios e os triptanos.
Outras medidas não farmacológicas podem também ser usadas em crises
de cefaleias como na enxaqueca: bolsas de frio, pressão digital sobre as têm-
poras, deitar-se e dormir, relaxamento e distracção. Os tratamentos com recur-


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