Page 12 Opióides
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Figura 4.


Um avanço significativo no processamento do ópio, ocorreu no séc.
XVI, quando Paracelsus (Philippus Aureolus Theophrastus von Hohe-
nheim, 1490-1541) (Fig. 4) descobriu que os alcalóides do ópio eram
muito menos solúveis em água do que em álcool. Fez assim, um novo
preparado a que chamou laudanum, (solução de ópio com brandy à qual
adicionou outros ingredientes), que na verdade era tintura de morfina.
Este laudanum parecia exacerbar todas as propriedades do ópio, tornan-
do-o ainda mais eficaz, ao que não era alheio a junção do efeito do álco-
ol etílico. Mais tarde, Thomas Sydenham vai padronizar a fórmula do
laudanum.

Nesta onda de entusiasmo, Robert Burton (1577-1640) autor de Ana-
tomia da Melancolia, passa a prescrever para as insónias laudanum.
É com esta mentalidade que o ópio adquire estatuto do primeiro autên-
tico antidepressivo. Apesar de já existirem nesta altura analgésicos com
algum efeito (éter ou barbitúricos), o ópio apresenta como vantagens
a não perturbação da percepção sensorial, do intelecto ou da coorde-
nação motora. Para além destas características, em baixas dosagens o
ópio apresenta propriedades estimulantes. É por isso que no Oriente



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