Page 36 Volume 9, Número 4, 2001
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F. Duarte: Normas e Protocolos: Consenso Europeu de Electroestimulação Medular
Outros registos precedendo a EEM: • Complex regional pain syndrome tipo II
• Avaliação da qualidade de vida e estado funcional. (CRPS II) é uma boa indicação.
• Registos de intensidade de dor. • sem consenso nas situações de CRPS I;
• Uso de terapêutica analgésica. • a resposta positiva ou negativa a um
Contra-indicações: bloqueio simpático não têm valor prediti-
• Doenças psiquiátricas major: psicose activa, de- vo.
pressão grave, hipocondria ou doenças de somati- 2. Dor mista:
zação. • Failed back syndrome: exemplo típico da te-
• Má adesão terapêutica ou deficiente compreensão rapêutica com EEM – dor mista com radiculo-
da técnica. patia e lombalgia inferior.
• Falta de apoio sociofamiliar adequado. • expontânea, sem patologia identificável;
• Alcoolismo, toxicodependência e abuso de fármacos. • após cirurgia (failed back surgery syndro-
Avaliação do follow-up: me – FBSS);
• Alívio da dor. • lombalgia inferior – resposta menos eficaz
• Diminuição do consumo de fármacos analgésicos. que as formas radiculares que normalmen-
• Melhoria da capacidade funcional e da qualidade te apresentam sucesso terapêutico);
de vida. • Cervicalgia – resposta terapêutica semelhan-
• Avaliação cuidadosa dos efeitos secundários. te à lombalgia.
• O follow-up deverá ser efectuado por um observa- 3. Angina pectoris intratável:
dor independente. • Classe III – classe IV NYHA (New York Heart
Indicações da neuroestimulação: Association), com doença coronária grave
Tratamento da dor crónica a diferentes níveis neuro- (estenose >70% de 1 ou mais vasos) associ-
eixo: ada com isquémia do miocárdio reversível.
• Nervo periférico. • Angina refractária:
• Gânglio do trigémio e ou seus ramos. • à terapêutica médica (bloqueadores beta
• Medula. antagonistas dos canais de cálcio, nitratos
• Tálamo. de longa duração e NSAID);
• Córtex motor. • técnicas de revascularização;
Indicações para EEM: • A EEM pode ser efectiva, melhorando:
1. Dor neuropática devida a lesão do nervo periférico • a qualidade de vida;
(nervo, raiz ou plexo): • diminuindo o consumo de nitroglicerina;
• Lesão de nervo periférico após: • diminuindo a frequência das crise angino-
• compressão; sas;
• traumatismo acidental; • aumentando a distância na marcha,
• incisão cirúrgica: sendo uma terapêutica adjuvante de sucesso.
• herniorrafia e cirurgia ginecológica – nervos • Pode ser comparável à:
inguinais; • revascularização transmiocárdica por laser;
• cirurgia do joelho – nervo infrapatelar; • simpatectomia,
• stripping – nervo safeno; • administração de analgésicos epidurais e
• mastectomia – nervo costobraqueal. uroquinase intermitente.
• Dor no coto após amputação – tem melhor Tem ainda efeito antiisquémico e a dor de enfarte
resposta terapêutica que a dor fantasma. não é mascarada pelo EEM.
• Nevralgia pós-herpética – com alguma função • Síndrome X (doença dos pequenos vasos) é
sensitiva cutânea residual. aliviada pelo EEM.
• Plexopatia após radioterapia. • Sem evidência estatística em doentes com:
• Polineuropatias (com a preservação da função • angina intratável, sem isquémia reversível;
de fibras grossas residuais): • angina instável;
• diabética; • enfarte agudo do miocárdio;
• alcoólica; • outras doenças cardíacas.
• após quimioterapia. 4. Doença vascular periférica:
• Dor devida a lesão incompleta da medula, com • Com alívio da dor insuficiente com a terapêu-
a preservação da função de fibras grossas resi- tica adequada e/ou com a cirurgia.
duais, ou com dor segmentar relacionada com o • doentes com isquémia vascular periférica,
nível da lesão: de progressão lenta devido à arteriosclero-
• Radiculopatia cervical ou lumbar provocada por: se (estádio de Fontaine 3 ou 4);
• compressão; • doenças vasoespásticas (doença de Ray-
• isquémia; naud ou frostbite);
• intervenção cirúrgica; • Doença de Buerger – uma tentativa terapêu-
• traumatismo acidental; tica com EEM é justificável.
• aracnoidite; • Doentes com úlceras maleolares (forefoot)
• dor devido a arrancamento de raízes cervi- com diâmetro inferior a 3 cm e gangrena DOR
cais ou lombo sagrada ou seringomielia, distal limitada e localizada não são excluí-
não são aliviadas pela EEM. dos. 35
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