Page 12 Volume 10, Número 4, 2002
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Dor (2002) 10
ídos os doentes que apresentavam alterações da do masculino. Não se observaram diferenças
coagulação, insuficiência renal ou hepática e ante- estatisticamente significativas entre os grupos
cedentes de patologia ulcerosa ou de hipersensi- em relação à idade, sexo e tipo de cirurgia.
bilidade a qualquer dos fármacos utilizados. No grupo B (cetorolac), a analgesia foi consi-
Os primeiros 32 doentes operados foram derada boa em 22 casos (68,8%) e, em 7
tratados com a associação tenoxicam/parace- (21,9%), razoável. Apenas 3 doentes (9,3%)
tamol (grupo A). Os 32 doentes seguintes fo- referiram, em algum momento, dor grave ou
ram tratados com cetorolac (grupo B). Aos insuportável. No grupo A (tenoxicam + parace-
doentes do grupo A, foram administrados 20 tamol), a distribuição foi, respectivamente, 26
mg de tenoxicam, imediatamente após a indu- (81,3%), 4 (12,5%) e 2 casos (6,2%) (Fig. 1).
ção anestésica, repetindo-se a dose de 24 em Não se verificou diferença estatisticamente sig-
24 h. Aproximadamente 30 min antes do fim da nificativa entre os 2 grupos.
cirurgia, administraram-se 15-30 mg/Kg de pro- Em relação aos níveis de dor, não foram
pacetamol, diluídos em 100 ml de soro fisiológi- observadas diferenças significativas entre am-
co, em perfusão de 15 min. Seis horas após, bos os grupos. Contudo, nas primeiras 18 h,
iniciou-se a administração de paracetamol, mais doentes do grupo B (cetorolac) referiram
1.000 mg, P.O., de 6/6 h. Em SOS, foi prescrita episódios de dor moderada e/ou grave, mas
meperidina, 0,5-1 mg/Kg, IM, 4/4 h. sem necessidade de analgesia suplementar
Aos doentes do grupo B (cetorolac) foram com meperidina.
administrados, no final da cirurgia, 10-30 mg, Foi administrada meperidina em 3 doentes do
e.v., de cetorolac, repetindo a dose de 6/6 grupo B (9,4%) e em 4 do grupo A (12,5%) (Fig.
horas. Logo que a via entérica ficou disponível, 2). Apenas às 18 h, foi significativa a diferença
utilizou-se a via oral, 10 mg de 6/6 h. Nos entre os grupos – 3 doentes do grupo A e
doentes com mais de 65 anos ou menos de 50 nenhum do B.
Kg, a dose máxima foi de 60 mg/dia. Em SOS, No grupo A, 1 doente referiu náuseas e 7
foi prescrita meperidina, 0,5-1 mg/Kg, i.m., 4/4 h. vómitos. No grupo B, apenas 1 doente refe-
De 15 em 15 min na primeira hora, às 2, 4, 8 riu vómitos (Fig. 3). O grupo A apresentou
e 12 h, e depois de 6 em 6 h, até às 72 h após significativamente mais náuseas e vómitos. A
a cirurgia, foram avaliadas e registadas a dor análise ao longo do tempo revela que, embora
(recorrendo a escala verbal), a frequência res- a diferença entre grupos não seja significativa,
piratória, a ocorrência de náuseas e/ou vó- as náuseas e vómitos surgem, predominante-
mitos, a administração de meperidine em SOS mente, na primeira hora.
e a ocorrência de complicações associadas à
utilização dos fármacos em estudo.
Considerou-se a analgesia boa quando, em
nenhum momento das 72 h, o doente referiu dor 100%
superior a ligeira. Quando, em algum momento,
foi registada dor moderada, classificou-se a 80%
analgesia de razoável. Quando, em um ou mais
momentos, a dor foi classificada como grave ou 60% Má
insuportável, a analgesia foi considerada insufi- 40% Razoável
ciente.
Foram comparados o número e tipo de cirur- 20% Boa
gias realizadas em cada grupo, a idade e o 0%
sexo dos doentes, com o objectivo de validar a
comparação entre os grupos. A análise estatís- Grupo A Grupo D
tica das variáveis em estudo foi feita recorrendo
aos testes t e χ , adoptando o nível de signifi- Figura 1. Analgesia (p > 0,005).
2
cância de p < 0,05.
Por se tratar da utilização de fármacos em
uso corrente na instituição, para os fins previs-
tos e nas doses e vias de administração habitu-
ais, e a inclusão depender apenas de critérios 100%
clínicos (não existência de contraindicação à
administração de algum dos fármacos), dispen- 80%
sou-se a aprovação da Comissão de Ética e o 60% Petidine SOS
consentimento informado dos doentes. 40% Sem medicação
20%
Resultados 0%
DOR grupo A e 32 no grupo B. A idade média foi 57 Grupo A Grupo D
Foram estudados 64 doentes, 32 incluídos no
14 ± 13 anos, sendo 70% do sexo feminino e 30% Figura 2. Recurso à medicação em SOS (p > 0,05).