Page 37 Volume 12, Número 3, 2004
P. 37



Dor (2004) 12
Dor (2004) 12

Caso clínico
Síndrome da Dor Regional Complexa –

Que Abordagem?


Elmira Cortêz Ordeña Neto , António Raposo 2
1




Resumo
Apresentação do caso clínico de uma doente com a síndrome da dor regional complexa.

Palavras chave: Dor regional complexa. Impotência funcional do membro superior. Abordagem multi-
disciplinar.


Abstract
Presentation of clinical case: a patient suffering from complex regional pain syndrome.
Key words: Complex regional pain. Functional impotency of the upper limb. Interdisciplinary approach.





Introdução culdade em mobilizar os dedos, cianose e extremidades frias.
A síndrome da dor regional complexa (SDRC), assim deno- Apresentava hiperhidrose, alodínia e limitação funcional de todo
minada desde 1994 de acordo com a classificação de dor o membro superior direito. Sem parestesias. Ansiedade.
Marcou o início da sintomatologia em finais de Janeiro de
crónica da IASP (Associação Internacional para o Estudo da 2003, altura que recorreu ao Serviço de Urgência por dor to-
Dor), refere-se a um conjunto de síndromes dolorosas, carac- rácica atípica, localizada no hemitórax esquerdo, e atribuindo-
terizadas pela evidência de disfunção do sistema nervoso a à dificuldade de colocação de cateter, em veia periférica
simpático, dor desproporcional, recuperação funcional tardia (para soroterapia) na região dorsal da mão direita. Por diver-
e alterações tróficas. sas vezes, recorreu ao Serviço de Urgência por dor, edema e
Duas entidades clínicas: impotência funcional da mão, tendo sido sempre medicada
1. SDRC tipo I – Não se verifica lesão de um nervo espe-
cífico, mas o quadro clínico caracteriza-se por sintomas sen- com AINE e analgésicos.
Em Fevereiro de 2003, foi observada por cirurgia vascular,
soriais, motores e disautonómicos acompanhados de proces- tendo sido referenciada às consultas da dor e de psiquiatria
so inflamatório – distrofia simpático reflexa. com o diagnóstico de causalgia (SRDC-II) associada a uma
2. SDRC tipo II – Há lesão do nervo – causalgia. síndrome depressiva.
Teve apoio da assistente social e da psicóloga.
Caso clínico Encontrava-se medicada com os seguintes fármacos: pen-
®
®
toxifilina (Trental 400), Biloban , tiocolquicósido (Relmus ),
®
Identificação codeína + paracetamol (Dol-u-ron Forte), metamizol magné-
®
®
®
P.S.G.P.F., 27 anos de idade, sexo feminino, raça caucasia- sico (Nolotil ), gabapentina (Neurontin 400) e amitriptilina
®
na, empregada de restaurante e natural de Ponta Delgada (ADT-ZIMAIA ).
Sem antecedentes patológicos relevantes, mas com hábi-
História clínica tos tabágicos (10 c/d) presentes.
Situação social: separada, 1 filho menor de 11 meses e
A doente foi observada, pela primeira vez, na consulta de coabitando com a mãe, com quem mantinha um relaciona-
medicina física e de reabilitação, em Abril de 2003, apresen- mento difícil.
tando dor do tipo neuropático, no membro superior direito. Iniciou o tratamento de reabilitação, visando o controlo da
Referia dor intensa na mão direita, tipo queimor com irradia- dor e o ganho das amplitudes articulares para melhor funcio-
ção para o antebraço (EVA de 6-7), associada a edema e difi- nalidade (crioterapia, banhos de contraste, electroterapia,

1 Interna do 4º ano do Internato Complementar de Medicina Física Correspondência:
e de Reabilitação Elmira Cortêz Ordenã Neto
DOR Física e de Reabilitação Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do HDES
2
Assistente Hospitalar Graduado, Director do Serviço de Medicina
Av. D. Manuel I
36 9500-370 Ponta Delgada, S. Miguel. Açores
E-mail: elmiraordena@hotmail.com
   32   33   34   35   36   37   38   39   40   41