Page 38 Volume 12, Número 3, 2004
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E. Cortêz Neto e A. Raposo: Síndrome da Dor Regional Complexa – Que Abordagem?
técnicas cinesiológicas activas e de facilitação neuromuscu-
lar). Foi medicada com calcitonina, mantendo a medicação
analgésica instituída na consulta da dor.
Concomitantemente, na consulta da dor a doente era sub-
metida a bloqueios anestésicos (axilar e radial), tolerando
desta forma o tratamento de reabilitação.
Os EAD realizados (análises e Rx da mão) foram normais.
Em Maio de 2003, por não apresentar melhoras significa-
tivas com o tratamento, por recusar manter medicação ou
outras terapêuticas invasivas, por manter quadro álgico exu-
berante (EVA de 7-8), foi submetida a simpatectomia torácica
superior programada, pela cirurgia vascular, desde o início da
sintomatologia.
Após esta, manteve-se em tratamento de reabilitação até à
total recuperação dos défices embora mantendo dor residual su-
portável (EVA de 4-5), pelo que continuou na consulta de dor.
Figura 1. Sindrome doloroso regional complexo.
Discussão e conclusão
O SDRC é uma síndrome complexa que, ao longo dos anos, dor e o restabelecimento da função normal ou o máximo
recebeu diversas denominações tais como algoneurodistrofia, possível do potencial funcional remanescente do membro
atrofia de Sudeck, síndrome ombro-mão... não estando com- acometido.
pletamente esclarecida a sua etiologia, nem tão-pouco os Também se encontra descrito que, na falha do tratamento
mecanismos da exacerbação sintomática, apesar de várias médico, está indicado o tratamento cirúrgico (simpatectomia
teorias terem sido propostas. torácica) precoce, de forma a prevenir a ocorrência de lesões
O desenvolvimento de dor intensa regional, a hiperalgia tróficas irreversíveis.
associada a mobilidade e a estímulos mecânicos, as altera-
ções do sistema vegetativo (edema distal, alterações da cor
e temperatura da pele e hiperhidrose), deverá alertar o clínico Bibliografia
para esta patologia. Fleischmann KH, Lubin E. Complex Regional Pain Syndrome. Em: Ballan-
Na nossa doente, o mecanismo lesional poderia estar ou tyne J, Fishman SM, Abadi S. The Massachusetts General Hospital
não em relação com a punção venosa, com a dor torácica Handbook of Pain Management. 2ª ed. Boston 2002;26:360-72.
atípica (que teria levado a doente a recorrer várias vezes ao Matoses MS. Síndrome del dolor regional complejo. Dolor neuropático
periférico. Dolor 2002;17:78-86.
SU) ou ao seu estado psicológico, tal como se encontra des- Wittink HM, Michel TH. Physical Therapy. Em: Ballantyne J, Fishman SM,
crito na literatura. Abadi S. The Massachusetts General Hospital Handbook of Pain
Os exames radiológicos, num estádio inicial, podem ser Management. 2ª ed. Boston 2002;16:237-44.
normais. Audett JF. Physical Medicine in the Treatment of Pain. Em: Ballantyne J,
O diagnóstico de SDRC-II foi estabelecido na anamnese, Fishman SM, Abadi S. The Massachusetts General Hospital Hand-
book of Pain Management. 2ª ed. Boston 2002;17:245-54.
sinais e sintomas e na resposta ao bloqueio simpático. Álvarez LB, Aretxabala AI, Alegre LJ, Alonso-Valdivielso JL. Acceptance of
O tratamento é complexo e por vezes difícil. Deve ser the different denominations for reflex sympathetic dystrophy. Ann
multidisciplinar, tendo como objectivo principal o alívio da Rheum Dis 2001;60(1):77-9.
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