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Dor (2006) 14 G. Miranda: Meet the experts: Revisión: la termografía infrarroja en los síndromes de dolor

Editorial


Dor Vascular



Teresa Vaz Patto




a
ara quem ainda tem dúvidas sobre a mul- A Dr. Rita Almeida, neurologista da Unidade
tidisciplinariedade da terapêutica da dor de Dor do Hospital dos Capuchos abordará a
a
Pcrónica, este número é um exemplo da Dor Central. A Dr. Ana Bernardo, especialista
sua aplicação e uma demonstração da sua ne- em Medicina Geral e Familiar, e as enfermeiras
cessidade. Teresa Rodrigues e Fátima Ferreira, todas com
Não se sabe ao certo quantos doentes sofrem larga experiência no âmbito do centro de saúde
de dor crónica de causa vascular, mas são cada e do domicílio e fazendo parte da equipa de
vez mais os que ocorrem às nossas unidades Cuidados Continuados do Centro de Saúde
com dor de intensidade grave a insuportável. de Odivelas, abordarão a dor vascular sob o
Dentro dos doentes com dor crónica de cau- ponto de vista dos cuidados continuados e a
sa não oncológica, é sem dúvida importante a problemática que pode estar contida num caso
a
percentagem dos que sofrem de dor vascular. clínico. A Dr. Cristina Ramos, responsável pela
São os doentes após acidente vascular cere- Unidade de Dor Aguda do Hospital Sta. Marta,
bral (AVC), que, apesar das suas limitações por unidade fortemente vocacionada para a anal-
sequela do «acidente», sofrem de dor crónica gesia do doente vascular, abordará a questão
intensa na região atingida. São os doentes com do período perioperatório, eventual influência do
úlceras venosas ou arteriais que são submetidos mesmo no aparecimento da dor crónica e a
a frequentes e dolorosos tratamentos indispen- optimização da analgesia durante este período.
a
sáveis ao seu processo de cura, mas que, tan- A Dr. Graça Mesquita Araújo, anestesiologista
tas vezes, por causa da dor são «forçados» a da Unidade de Dor do Hospital dos Capuchos,
desistir e preferir a amputação do membro, ou apresentará uma revisão relativa aos mecanis-
mesmo a morte… mos da dor neuropática vascular – dor fantasma
São também as doenças vasculares a princi- e sua terapêutica mais eficaz. Sobre a imagio-
pal causa de amputação e, consequentemente, logia como meio auxiliar de diagnóstico e tera-
de dor pós-amputação, seja dor no coto, seja dor pêutico em determinadas situações vasculares,
fantasma. assunto de grande interesse pela sua pouca
Estes doentes colocam desafios importantes invasibilidade e grande utilidade na medicina
aos seus «cuidadores»: quer pela intensidade paliativa, teremos uma exposição da responsa-
da dor que leva à necessidade de utilização bilidade do Dr. Hugo Martins, do Serviço de Ima-
de opióides fortes, quer pela duração dos perí- giologia do Hospital de Sta. Marta. Por fim, o
odos de exacerbação que levam a um ajuste Dr. José Brás, neurocirurgião, colaborador da
constante da terapêutica, com necessidade de Unidade de Dor do Hospital dos Capuchos, apre-
«desmames» frequentes. sentará a neuromodulação como «técnica tera-
Estes doentes são também, por necessidade, pêutica», suas indicações e recomendações,
grandes consumidores de cuidados de saúde. aludindo às esperanças nela depositadas, à pos-
Recorrem às unidades de dor, mas são também sibilidade de ser esta uma das armas para com-
frequentadores assíduos dos centros de saúde bater a dor de causa vascular quando a cirurgia
para a realização de pensos, recorrem com fre- não está indicada ou é demasiado agressiva, e
quência aos seus médicos de família, e ainda abordando a questão de saber se esta técnica
aos cirurgiões vasculares ou dermatologistas. está, ou não, ao alcance dos nossos doentes.
Têm necessidade de longos internamentos Não me cansarei de agradecer a todos os au-
sempre que não disponham de condições so- tores destes artigos a disponibilidade demons-
ciais que permitam o tratamento, ou não haja trada. Todos sabemos a dificuldade que nós,
na área de residência cuidados domiciliários profissionais de saúde, cada vez mais temos em
adequados. disponibilizar tempo para tarefas não puramente
Foi minha intenção abordar este tema sob vá- assistenciais.
rias vertentes, como – penso – não poderia dei- Nestes últimos tempos, pressionam-nos nos
xar de ser. hospitais a contabilizar toda a nossa actividade
Não é, de modo algum, uma abordagem exaus- e traduzi-la em «códigos», correndo-se o risco DOR
tiva, mas limitada a alguns dos problemas que de considerar inexistente toda a actividade que
enfrentamos no dia-a-dia. não possa traduzir-se em números. Irá algum dia 5
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