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Dor (2006) 14 T. Rodrigues, et al.: Dor Vascular periférica – A Propósito de um Caso

Dor Vascular periférica –

A Propósito de um Caso

Teresa Rodrigues , Fátima Ferreira e Ana Bernardo 2
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Resumo
O presente estudo pretende mostrar a complexidade que pode acompanhar uma situação de dor vascular
periférica de etiologia predominantemente venosa, quando o modelo da abordagem da intervenção é holís-
tico, tipificando uma situação de dor total. Com este propósito apresenta-se um caso de úlceras de perna
de etiologia vascular, que foi orientado e acompanhado pela Equipa de Cuidados Continuados de Odivelas,
com base numa boa articulação com recursos da comunidade e hospital e no trabalho em equipa interdis-
ciplinar na comunidade.

Palavras-chave: Dor vascular. Dor total. Cuidados domiciliários. Trabalho em equipa.

Abstract
This study shows the complexity that can be associated with a case of vascular pain, when the profession-
als practice an holistic approach. It’s a case of a man with leg ulcers associated with vascular disease and
chronic pathologies, and what can be described as total pain. This man has been cared by a support team
in the community, in connection with other resources in the community and hospital, in a good example of
team and interdisciplinary work.

Key words: Vascular pain. Total pain. Domiciliary care. Team work.

Estudo A abordagem da dor neste contexto está de
A dor vascular periférica secundária a patolo- acordo com as recomendações emitidas pela
gia venosa crónica resulta, entre outros meca- OMS para o controlo da dor: a intervenção deve
nismos envolvidos, da disrupção da integridade ser orientada pela intensidade, pela escada
da pele, induzida pela acumulação de líquidos, analgésica, pelo tipo de dor, com conhecimento
nomeadamente sangue, devido à ineficácia das dos factores de alívio ou de agravamento, pela
válvulas venosas e a todo um componente infla- influência que induz nas actividades de vida di-
matório que se desenvolve. Localiza-se, normal- ária, etc. Tendo em consideração que podem
mente, no terço inferior das pernas. A sua ex- estar envolvidos processos de nocicepção e le-
tensão é tanto maior quanto mais intenso fôr o são neurológica, o controlo da dor passa pela
edema que se associa. administração de opióides e de coadjuvantes,
Frequentemente, em doentes idosos e com nomeadamente os antiepilépticos (p. ex. a ga-
multipatologia, este quadro é acompanhado de bapentina) ou antidepressivos, do tipo da ami-
algum grau de insuficiência cardíaca que, por triptilina. Torna-se também importante conseguir
sua vez, agrava as consequências da evolução o controlo das situações de comorbilidade que
do processo. possam acompanhar o processo, nomeadamen-
Fisiopatologicamente estão implicados no me- te a infecção, a insuficiência cardíaca e a insó-
canismo da dor processos de: a) nocicepção, nia. Em qualquer caso, o acompanhamento cor-
induzida pela inflamação local e pela infecção recto pressupõe sempre a consideração do
que é comum nesta situação, e b) dor neuropá- conceito de dor total, que integra a valorização
tica, tendo em conta a lesão neurológica, devido das diferentes etiologias (para além da somáti-
à invasão das terminações nervosas, ao nível da ca) na expressão da dor, e implica uma aborda-
pele e dos tecidos adjacentes. gem holística, validando o sofrimento do doente
induzido pela patologia, pela dependência física
associada, pela solidão. Há que valorizar o rigo-
roso controlo do sintoma (dor e/ou outros), pro-
1 Enfermeira Equipa de Cuidados Continuados de Odivelas DOR
2 Médica Equipa de Cuidados Continuados de Odivelas mover tanto quanto possível a autonomia do
Odivelas, Portugal doente (partilha e envolvimento nas decisões), 31