Page 35 Volume 16 - N.1 - 2008
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Dor (2008) 1
Dor (2008) 1
Problemática da Avaliação Regular
da Dor Aguda no Pós-Operatório
Cármen Mendes
Resumo
Aborda-se quem, como e quando se efectua a avaliação da dor aguda no pós-operatório e os problemas e
desafios que podem surgir nesse processo.
Palavras-chave: Dor aguda. Pós-operatório. Avaliação. Problemática.
Abstract
We write about who, how and when we assess post-operative acute pain and about the problems and challenges
that can appear to us in that process. (Dor 2008;16(1):34-9)
Corresponding author: Cármen Mendes, jmpcmp@netcabo.pt
Key words: Acute pain. Post-operative pain. Assessment. Problems.
Introdução Na Europa optou-se, em geral, por um mode-
Dor e sofrimento desnecessários devem-se lo de avaliação da terapêutica no pós-operatório,
frequentemente à incapacidade dos médicos baseado na enfermagem e tutelado por aneste-
perguntarem aos seus doentes sobre a sua dor siologistas. A avaliação ou a tutela pelo aneste-
ou de aceitarem e tratarem adequadamente as siologista pode ser dificultada por numerosas
suas queixas. Qualquer serviço organizado de contingências, como a falta de recursos huma-
dor aguda deve zelar para que haja controlo de nos, que condiciona a nossa desculpa clássica
qualidade dos cuidados efectuados, daí ser cru- de falta de tempo. Mas agiliza o processo, pois
cial implementar rotinas de avaliação. alia à capacidade de avaliação a validação da
É insensato acreditar que prestamos a todos terapêutica prescrita ou a sua alteração, conso-
os doentes com dor o mesmo nível de qualidade ante os resultados obtidos.
de cuidados, independentemente dos nossos
valores pessoais, preferências ou experiências Quando avaliar?
dolorosas. Todos temos, consciente ou incons- A frequência com que a dor é avaliada depende
cientemente, preconceitos que podem interferir obviamente da situação. Múltiplos factores a de-
negativamente com a nossa prática clínica. Tal- terminam, incluindo características: da dor (dura-
vez seja preferível assumir que existem muitas di- ção, intensidade, resposta ao tratamento); de fac-
ficuldades a ultrapassar na avaliação da dor e que tores dependentes do doente, como as suas
a melhor estratégia é estabelecer regras que pro- necessidades e estado físico; do plano terapêuti-
tejam os doentes e os profissionais de saúde de co; da instituição . Convém ser avaliada logo no
1
serem vítimas dessas influências. período pré-operatório e os doentes encorajados
a informar o pessoal quando tiverem dor ou outros
Quem avalia a dor? sintomas. Recentemente passou a ser um objecti-
o
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Havendo diversos modelos de UDA, o serviço vo avaliar a dor por rotina, como 5. sinal vital .
deverá seleccionar o que melhor se adaptar à No período pós-operatório imediato deve ser
sua realidade prática. avaliada com mais frequência:
– A intervalos regulares, de acordo com o tipo
de cirurgia e a intensidade da dor (ex.: a
o
cada duas horas, quando acordado, no 1.
dia de pós-operatório).
DOR – Sempre que o doente refira dor.
– Após um intervalo adequado depois de
34 Assistente Hospitalar Graduada de Anestesiologia cada intervenção analgésica (ex.: 30 minutos
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