Page 40 Volume 17 - N.1 - 2009
P. 40
S.F. Bernardes: Enviesamentos de Sexo nos Julgamentos de Dor
Quadro 3. Efeito moderador das reacções de estoicismo nos enviesamentos de sexo nos julgamentos de dor de
enfermeiros(as)
M (DP) F η 2
Enfermeiras Enfermeiros
Estóico(a) Não-estóico(a) Estóico(a) Não-estóico(a)
H M H M H M H M
Credibilidade 4,99 5,10 4,92 4,67 5,26 ‡ 4,71 ‡ 4,80 4,94 4,17* 0,02
(1,01) (0,76) (0,87) (0,70) (0,89) (0,88) (0,97) (0,96)
Intenções de 5,43 5,46 5,52 5,43 5,29 ‡ 4,76 ‡ 5,22 5,50 2,91 † –
oferecer apoio (0,99) (0,91) (0,91) (0,81) (0,87) (0,98) (0,96) (0,94)
*p ≤ 0,05
† p = 0,08. H = homem. M = mulher. Médias em linha com símbolos iguais são significativamente diferentes para:
‡ p ≤ 0,05
confirmando a tese da contextualidade dos en- como menos severa/urgente que a do homem.
viesamentos de sexo nos julgamentos de dor. Assim, apesar de se ter confirmado o efeito mo-
Por exemplo, no que diz respeito aos efeitos da derador das reacções de estoicismo (hipótese 2.2)
duração da dor, no quadro 2 pode-se constatar a sua direcção foi contrária à esperada; os en-
que, entre os(as) estudantes de Enfermagem, viesamentos de sexo em detrimento da mulher,
apenas em cenários de dor aguda é que a dor neste contexto em particular, parecem surgir
da mulher foi percebida como menos credível e perante a total ausência de reacções mais his-
a sua situação clínica como menos severa/ur- triónicas face à dor. Estes resultados parecem
gente que a do homem. Neste sentido, a hipó- sugerir a presença de uma espécie de efeito de
tese 2.1 foi confirmada, sugerindo, tal como por incongruência face às expectativas; sabendo-se
nós previamente argumentado 10,11 , que um con- ser prevalente a expectativa de a mulher, em
texto de dor crónica, ao tornar as imagens de contextos públicos, mostrar sinais de distress
homens e mulheres mais semelhantes entre si, associados à sua experiência de dor , a total
11
parece atenuar a presença de enviesamentos ausência de tais sinais pode levar profissionais
de sexo nos julgamentos de dor. de saúde a pôr em causa a própria existência
Já no que diz respeito ao efeito moderador de dor.
das reacções de estoicismo, no quadro 3 verifi- Finalmente, quanto aos efeitos moderadores
ca-se que os enfermeiros do sexo masculino do sexo do(a) observador(a), tal como esperado
perceberam a dor da mulher como menos cre- (hipótese 2.3) e à semelhança de outros estu-
dível, mostrando menor intenção de lhe ofere- dos 17,29,30 , verifica-se que a presença de envie-
cer ajuda, mas apenas na presença de reac- samentos de sexo em detrimento da mulher são
ções de estoicismo. Um padrão semelhante, mais prováveis quando o observador é do sexo
embora apenas liminarmente significativo, se masculino. De facto, no quadro 3 pode-se cons-
constata entre os(as) estudantes de Enferma- tatar que a presença de tais enviesamentos ape-
gem (Quadro 4); é na presença de reacções nas surge entre os enfermeiros do sexo mascu-
de estoicismo que a dor da mulher é julgada lino. O mesmo se pode constatar entre os(as)
como menos credível e a sua situação clínica estudantes de Enfermagem, onde os do sexo
Quadro 4. Efeito moderador das reacções de estoicismo nos enviesamentos de sexo nos julgamentos de dor dos(as)
estudantes de Enfermagem
M (DP) F
Estóico(a) Não-estóico(a)
Homem Mulher Homem Mulher
Credibilidade da dor 5,11 † 4,76 † 4,83 4,91 3,44*
(0,85) (0,96) (0,91) (0,70)
Severidade/urgência da situação clínica 4,54 † 4,11 † 4,44 4,37 3,43*
(0,59) (0,66) (0,57) (0,64)
*p = 0,06. Médias em linha com símbolos iguais são significativamente diferentes para: DOR
† p ≤ 0,005. 39