Page 41 Volume 17 - N.1 - 2009
P. 41
Dor (2010) 17
masculino parecem julgar a dor da mulher como 8. Bernardes SF, Jácome F, Lima ML. Questionário de expectativas de
menos credível que a do homem (M = 4,85, papel de género face à dor: Estudo psicométrico e de adaptação
do GREP para a população portuguesa. Avaliação Psicológica.
DP = 0,75 vs M = 5,33, DP = 0,72, respectiva- 2008;26(1):121-33.
mente), F(1,156) = 7,47, p = 0,007, enviesamento 9. Bernardes SF, Keogh E, Lima ML. Bridging the gap between pain
que já não se mostra significativo entre as estu- and gender research: A selective literature review. European Journal
of Pain. 2008;12:427-40.
dantes do sexo feminino. 10. Bernardes SF, Lima ML. Being less of a man or less of a woman:
Perceptions of chronic pain patients’gender identities. European
Conclusões e implicações Journal of Pain. 2010;14:194-9.
11. Bernardes SF, Lima ML, Paulino P. Do estoicismo face à dor: Uma
teoria enraizada sobre as expectativas de papel de género de leigo/
De uma forma geral, os presentes resultados as e enfermeiro/as. Em: Azambuja M, Nogueira C, orgs. Género e
vêm suportar a hipótese geral da contextualida- Saúde. Rio Grande do Sul, Brasil: Editora da Universidade PUCRS.
de dos enviesamentos de sexo nos julgamentos No prelo.
de dor de estudantes e profissionais da Enfer- 12. Birdwell BG, Herbers JE, Kroenke K. Evaluating chest pain: The
patient’s presentation style alters the physician’s diagnostic ap-
magem. Algumas implicações teóricas e práti- proach. Archives of Internal Medicine. 1993;153:1991-5.
cas decorrem destas evidências. 13. Chiaramonte GR, Friend R. Medical students’ and residents’ gender
Dum ponto de vista teórico, estes resulta- bias in the diagnosis, treatment, and interpretation of coronary heart
disease symptoms. Health Psychology. 2006;25:255-66.
dos vêm colocar a tónica num paradigma de 14. Cleeland CS, Gonin R, Hatfield AK, et al. Pain and its treatment in
investigação centrado na influência dos fac- outpatients with metastatic cancer. The New England Journal of
Medicine. 1994;330:592-6.
tores contextuais na presença deste fenóme- 15. Deaux K, LaFrance M. Gender. Em: Gilbert D, Fiske S, Lindzey G,
no, por oposição ao paradigma dominante eds. The Handbook of Social Psychology. 4. ed. Nova Iorque:
a
que tem procurado uma resposta universal à McGraw Hill; 1998.
questão da existência de enviesamentos de 16. Deaux K, Major B. Putting gender into context: An interactive model
of gender-related behavior. Psychological Review. 1987;94:369-89.
sexo nos julgamentos de dor. Na lógica de um 17. Hamberg K, Risberg G, Johanson EE, Westman G. Gender bias in
paradigma contextualista importa, portanto, physicians’ management of neck pain: A study of the answers in a
identificar as condições que suprimem ou in- Swedish national examination. Journal of Women’s Health & Gender-
based Medicine. 2002;11:653-66.
tensificam a probabilidade de ocorrência 18. Hobara M. Beliefs about appropriate pain behaviour: Cross-cultural
deste preocupante fenómeno entre profissio- and sex differences between Japanese and Euro-Americans. Euro-
nais de saúde. pean Journal of Pain. 2005;9:389-93.
De um ponto de vista prático, a identificação 19. Hoffman D, Tarzian A. The girl who cried pain: A bias against
women in the treatment of pain. Journal of Law, Medicine and Ethics.
de tais circunstâncias poderá constituir um 2001;29:13-27.
primeiro passo para a predição e prevenção 20. Johnson JL, Greaves L, Repta R. Better science with sex and gen-
deste fenómeno. À semelhança do trabalho der: Facilitating the use of a sex and gender-based analysis in health
research. International Journal of Equity in Health. 2009;8:14.
de intervenção desenvolvido por outros(as) 21. LeResche L. Epidemiologic perspectives on sex differences in pain.
autores(as) , o desenvolvimento de acções Em: Fillingim RB, ed. Sex, Gender and Pain. Seattle: IASP Press;
20
de formação dirigidas a profissionais de saúde 2000. p. 233-49.
que lhes permitam ter consciência do papel dos 22. Martin R, Lemos K. From heart attacks to melanoma: Do common
sense models of somatisation influence symptom interpretation for
seus esquemas de género na leitura de situa- female victims? Health Psychology. 2002;21:25-32.
ções de dor e das circunstâncias contextuais 23. Nayak S, Shiflett S, Eshun S, Levine F. Culture and gender effects
activadoras dos mesmos poderá ser de grande in pain beliefs and the prediction of pain tolerance. Cross-cultural
Research. 2000;34:135-51.
utilidade para obviar um fenómeno que tem o 24. Robinson ME, Wise EA, Riley III JL, Atchison JW. Sex differences in
potencial de pôr em causa a equidade no aces- clinical pain: A multi-sample study. Journal of Clinical Psychology in
so aos serviços de saúde e tratamento da dor Medical Settings. 1998;5:413-23.
entre homens e mulheres. 25. Safdar B, Choiniere M, Crandall C, et al. Impact of patient gender
on pain management practices in the emergency department: A
multi-center study. Annals of Emergency Medicine. 2006;48:
Bibliografia s121.
26. Schulman KA, Berlin JA, Harless W, et al. The effect of race and sex
1. Ayanian JZ, Epstein AM. Differences in the use of procedures be- on physicians’ recommendations for cardiac catheterization. New
tween women and men hospitalized for coronary heart disease. New England Journal of Medicine. 1999;340:618-26.
England Journal of Medicine. 1991;325:221-5. 27. Signorella M. Multidimensionality of gender schemas: Implications
2. Bell PD, Hudson S. Equity in the diagnosis of chest pain: Race and for the development of gender-related characteristics. Em: Swann
gender. American Journal of Health Behaviour. 2001;25:60-71. WB, Langlois JH, Gilbert LA, eds. Sexism and Stereotypes in
3. Bem SL. Gender schema theory: A cognitive account of sex-typing. Modern Society: The Gender Science of Janet Taylor Spence.
Psychological Review. 1981;88:354-64. Washington, DC: American Psychological Association; 1999. p.
4. Bendelow G. Pain and Gender. Harlow, Essex: Prentice Hall/Pearson 107-26.
Education; 2000. 28. Turk DC, Okifuji A. Does sex make a difference in the prescription
5. Bergelson BA, Tommaso CL. Gender differences in clinical of treatments and the adaptation to chronic pain by cancer and
evaluation and triage in coronary heart disease. Chest. 1995;108: non-cancer patients? Pain. 1999;82:139-48.
1510-3. 29. Weisse CS, Sorum PC, Dominguez RE. The influence of gender and
6. Berkley KJ. Sex differences in pain. Behavioral and Brain Sciences. race on physicians’ pain management decisions. The Journal of
1997;20:371-80. Pain. 2003;4:505-10.
7. Bernardes SF. Sobre a Contextualidade dos Enviesamentos de Sexo 30. Weisse CS, Sorum PC, Sanders KN, Syat BL. Do gender and race
nos Julgamentos de Dor. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. affect decisions about pain management? Journal of General Inter-
No prelo. nal Medicine. 2001;16:211-7.
DOR
40