Page 40 Volume 18 - N.3 - 2010
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D. Correia: Douleurs Sans Frontières
Novos campos de intervenção O maior obstáculo: a viabilidade financeira
Há 9 anos que a DSF intervém na província de Uma nova estratégia de angariação de financia-
Gaza. As actividades e as estruturas implantadas mentos terá de ser definida em função desta nova
estão hoje bem integradas nas comunidades. planificação estratégica plurianual. A angariação
A partir de 2009, foram iniciadas as activida- de financiamentos é um objectivo primordial
des na província de Sofala, mais concretamente, para a equipa de coordenação da DSF, estando
na cidade da Beira. As parcerias já estabeleci- as necessidades estimadas em 200.000 €/ano.
das possibilitam uma oportunidade valiosa de Será necessário rever o programa, a nível dos
desenvolver a intervenção nessa província. recursos humanos, dos custos de funcionamen-
As equipas no terreno identificaram novas te- to, da introdução de novas actividades, em fun-
máticas, decorrentes das necessidades que fo- ção dos financiamentos disponíveis.
ram observadas no desenrolar do seu trabalho.
Em primeiro lugar, a necessidade de orientar Conclusão
as actividades em direcção aos grupos mais
vulneráveis, particularmente as crianças afecta- O programa da DSF Moçambique atravessa
das pelo VIH/SIDA e os órfãos. um momento importante: as interligações entre
A identificação de novos campos de interven- cada projecto foram geradas, sendo a distinção
ção e as opções de orientação estratégica impli- entre as três vertentes de actividades cada vez
cam a necessidade de recursos técnicos para mais fluidas.
sensibilizar e formar as equipas no terreno para a A DSF assenta a sua estratégia no reforço das
aplicação de novas noções como «violência do- capacidades dos parceiros locais, numa abor-
méstica e sexual», «ambiente protector», «cuida- dagem perene e durável. Paralelamente, foram
dos paliativos», etc. identificadas novas temáticas e novos locais de
intervenção:
Reforçar o atendimento de crianças vulneráveis – Um projecto na área APS e reforço associa-
tivo com formação ao apoio psicossocial das
(cuidados domiciliários) crianças vulneráveis e as suas famílias, na
De acordo com os dados de 2007-2009, as província de Gaza e na cidade de Beira.
crianças com VIH/SIDA representam apenas 5% – No sector da saúde o apoio e formação no
dos beneficiários. Em relação às crianças órfãs, tratamento da dor e os cuidados paliativos
não existem dados precisos sobre o seu núme- (de âmbito nacional), incluindo neste projec-
ro, sendo evidente que a DSF não poderá deixar to o apoio às consultas da dor (do HCB e do
estas crianças à margem das suas actividades. Hospital Provincial de Xai Xai) e o reforço
A expansão na cidade da Beira exige que sejam dos dispositivos de cuidados domiciliários.
redobrados os esforços nesse domínio (na pro- Estes projectos condicionam um envolvimento
víncia de Sofala existe o maior número de órfãos importante da DSF, e a sua implementação im-
do país), adaptando as actividades da DSF. plica a existência de financiamentos e de recur-
As primeiras etapas serão: sos técnicos necessários, e que estejam asse-
– Uma identificação activa das crianças mais gurados a médio e longo prazo.
vulneráveis, como grupo prioritário. A DSF Moçambique acumulou uma enorme e
– Uma adaptação dos meios de informação, enriquecedora experiência. Entre as organiza-
educação e comunicação (IEC) para enco- ções da cooperação internacional em Moçam-
rajar os parentes próximos a seguirem o bique, o programa da DSF é considerado único:
tratamento das suas crianças e sensibilizar trabalha na avaliação e tratamento da dor e
as crianças que vivem sem supervisão pa- promove o acompanhamento psicológico das
rental, explicando-lhes a importância dos crianças .
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tratamentos e da sua adesão. Compete à DSF reforçar as suas actividades,
– A orientação das actividades em direcção promovê-las tanto quanto possível, de modo a
à promoção de um «ambiente seguro e pro- contribuir para a defesa do direito ao acesso
tector». universal, aos cuidados de saúde, adequados e
Para uma maior visibilidade: uma das priorida- de qualidade, particularmente «do direito dos
des identificadas para os próximos anos é a de povos, qualquer que seja a sua condição e a
reforçar a comunicação, promovendo as activi- sua cultura, a dispor de meios próprios para o
dades da DSF e a abordagem global dos cuida- tratamento da dor, do alívio do sofrimento e con-
dos domiciliários. É importante divulgar as van- trolo dos sintomas no fim de vida».
tagens da avaliação e do tratamento da dor e Nestas circunstâncias poderia ser adequado
dos cuidados paliativos, informando e sensibili- a formalização de um protocolo/acordo de cola-
zando o grande público da sua necessidade boração ente a Associação Portuguesa para o
para uma melhoria na prestação dos cuidados Estudo da Dor (APED) e a DSF, promovendo
de saúde. uma parceria entre as duas organizações, esta-
A DSF Moçambique irá envolver-se mais acti- belecendo que: DOR
vamente nos diversos grupos de coordenação e – A APED promoverá de forma activa a divul-
redes, e irá iniciar a produção de material IEC. gação das actividades da DSF (em particular 39
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