Page 39 Volume 18 - N.3 - 2010
P. 39
Dor (2010) 18
As redes de ACD e o projecto-piloto de inte-
gração da avaliação e do tratamento da dor nos
cuidados domiciliários são uma excelente opor-
tunidade para a inclusão dos cuidados paliativos
nas suas actividades. Será ainda importante re-
forçar a interacção entre os cuidados domiciliá-
rios e as actividades psicossociais, porque são
complementares com os cuidados paliativos.
Formar-se-á assim uma verdadeira rede de cui-
dados integrados (Fig. 9).
Integração do tratamento da dor e dos
cuidados paliativos nos cuidados domiciliários
Formação-piloto dos ACD/«activistas»
No início de 2010 foi lançado um projecto-pi-
loto sobre a integração do tratamento da dor e
dos cuidados paliativos nos cuidados domiciliá-
rios. Foi realizada, no Chibuto, a formação de um
primeiro grupo de 24 ACD e cinco curandeiros.
A avaliação da eficácia e do impacto desta
formação permitirá definir as próximas etapas,
incluindo a elaboração de um calendário para a
formação do conjunto dos ACD das redes apoia-
Figura 9. Tratar a Dor, um imperativo ético. das pela DSF: formação de aperfeiçoamento
para o primeiro grupo e/ou formações para os
outros grupos de ACD das redes apoiadas pela
DSF.
num currículo universitário (em colaboração Em direcção a uma abordagem global e holística
com a Unidade de Dor do HCM).
A DSF irá promover um maior número de «for- Em 2009, iniciou-se uma abordagem integra-
mação de nível I», por considerar que a forma- da dos cuidados domiciliários e da abordagem
ção ministrada vai para além da mera sensibili- psicossocial. Até essa data, as actividades es-
zação. tavam separadas, sendo determinadas, sobretu-
No futuro as formações terão um maior com- do, pela sua fonte de financiamento.
ponente de prática clínica e, por conseguinte, Os resultados observados durante o ano de
um maior acompanhamento no terreno. 2009 foram satisfatórios, permitindo uma abor-
Para permitir a continuidade das formações, dagem sistematizada das dificuldades enfrenta-
está previsto a elaboração de diversas ferramen- das pelas famílias, conduzindo a uma melhor
tas, como protocolos de intervenção, brochuras identificação dos beneficiários, possibilitando
de informação e de sensibilização. uma intervenção mais eficaz no terreno e uma
Serão concebidos kits pedagógicos que serão coordenação mais fluida das actividades.
utilizados para formações dos formadores, na O desafio para os próximos anos será a in-
unidade de dor e na parceria com a Associação tegração da avaliação e do tratamento da dor
Moçambicana dos Cuidados Paliativos (MOPCA), e dos cuidados paliativos nos cuidados domi-
recentemente fundada. ciliários.
A montante destas formações serão organiza- O tratamento global, a qualidade de vida dos
das sessões de sensibilização para o ACD e doentes com o VIH/SIDA e outras doenças cró-
para o público geral. nicas e infecciosas está assegurado, exigindo
Os eventos nacionais e internacionais serão uma nova estratégia de formação dos activistas
uma oportunidade para organizar sessões de (ACD) e um trabalho de sensibilização e de
sensibilização a exemplo do dia nacional. comunicação junto dos diversos intervenientes
(comunidades e autoridades locais).
De acordo com os dados que dispomos, ne-
Os cuidados paliativos – Uma oportunidade nhum actor – institucional ou não-governamental
para Douleurs Sans Frontières – promove a avaliação e o tratamento da dor, no
Em 2010, os tratamentos da dor e dos cuida- âmbito dos cuidados domiciliários.
dos paliativos foram considerados prioritários, e Um trabalho de «advocacia/lobbying» está a
estão inseridos na estratégia nacional de saúde ser efectuado pela DSF para integrar o tratamen-
DOR para os cuidados domiciliários. to da dor e os cuidados paliativos nas estratégias
Foi instituída, em 2010, uma parceria com a
nacionais de saúde, em particular nas estraté-
38 MOPCA, que deverá ser formalizada em 2011. gias nacionais para os cuidados domiciliários .
5