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• As cefaleias pós-punção da dura, CPPD, ocorrem com mais frequência
após uma epidural, com uma ocorrência mínima de 1% e em muito
percentagem maior nos centros com ensino de internos. Ocorrem numa
percentagem variável mas em muito menor escala após os BSA, depen-
dendo especialmente do tipo e calibre da agulha usada – ponta de lápis
ou bizel atraumático, entre 25 e 27G 19-20 .
• O tipo de anestésicos locais usados varia muito com a preferência do
anestesista mas também com a disponibilidade comercial dos fármacos
em cada país 27-33 .
• A complexidade e o maior tempo de montagem das sequenciais tor-
nam-nas indicadas em cesarianas de rotina, sem complicações.
• A adição de opióides aos anestésicos locais quer por via epidural quer
subaracnoideia melhorou incrivelmente a qualidade da anestesia para
cesariana diminuindo paralelamente as doses de cada um e respectivos
efeitos laterais.
• As diferentes características de lipossolubilidade dos opióides mais
usados em obstetrícia levam a diferentes indicações: a morfina, por ser
pouco lipossolúvel, tem um efeito de instalação mais lento e mais
prolongado que a torna mais indicada para a analgesia do pós-operató-
rio. O fentanil e sufentanil estão mais indicados, pela sua lipossolubi-
lidade e menor tendência para o atingimento rostral, para o uso
intraoperatório (maior rapidez de início de acção e menor tendência
para causar depressão respiratória.
• Os efeitos laterais mais importantes dos opiáceos são o prurido, as
náuseas e a retenção urinária. O prurido não é sensível à acção dos
antihistamínicos mas sim à da nalorfina (o agonista/antagonista que o
alivia sem tirar o efeito analgésico) e do propofol (20 mg e.v.), sensivel-
mente com o mesmo efeito antipruriginoso e em muitos locais mais
acessível que a nalorfina 38-39 . A retenção urinária, pelo seu potencial em
provocar problemas urodinâmicos crónicos, faz recomendar a algalia-
ção por 24 h no pós-operatório, ou até que se torne incómoda (o que
ocorrer primeiro).
As contraindicações absolutas da anestesia regional são poucas (recusa
da técnica ou infecção do local da punção), mas as relativas devem estar
sempre presentes quando ponderamos os riscos/benefícios duma geral em
relação a uma locorregional:
– doença cardíaca grave (com débito cardíaco fixo);
– trombocitopenia / estados de hipocoagulabilidade;
– bacteriemia;
– cirurgia prévia ou patologia ortopédica grave na zona da punção;
– pressão intracraniana aumentada;
– antecedentes de hemorragia maciça (placenta prévia anterior).
A anestesia geral continua, no entanto, a ser uma técnica muito comum
(*61%) em muitos centros. As instituições em que isso acontece têm perante
os médicos internos de anestesia a grande responsabilidade de fazer o treino
desta técnica com o rigor com que a têm praticado desde sempre. Só esse
facto tem permitido manter o seu nível de eficácia e segurança com resultados
que se afastam largamente dos números de morbilidade e mortalidade dos
países em que as técnicas locorregionais são a opção quase exclusiva da
anestesia para cesariana.

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