Page 352 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos

descritos doze canais principais, seis dos quais são
yin e seis yang, e inúmeros canais menores que
formam uma rede de canais de energia em todo o
corpo. Cada meridiano está associado a, e
denominado de acordo com um órgão ou uma
função. Os principais meridianos são os pulmões, os
rins, a vesícula biliar, o estômago, o baço, o coração,
o intestino delgado, o san jiao («triplo aquecedor») e
o pericárdio. Acredita-se que quando o Qi flui
livremente por estes meridianos, o corpo é
equilibrado e saudável, mas se a energia for
bloqueada, estagnar ou enfraquecer, pode ocorrer
doença física, mental ou emocional.
Qual o aspeto de um meridiano?
Um meridiano não segue estruturas anatómicas
convencionais e a designação de meridianos só pode
ser compreendida no contexto da MTC. A
nomenclatura segue uma determinada lógica neste
contexto. A localização dos meridianos (e pontos de
Acupuntura) pode diferir dependendo da literatura
de referência a que se recorre (o que também se
aplica aos profissionais chineses).
Como são classificados os vários pontos de
Acupuntura?
Embora as localizações e as funções dos pontos de
Acupuntura possam variar consoante os diferentes
autores, a principal estrutura de classificação é
bastante uniforme. Em primeiro lugar, os pontos de
Acupuntura situam-se ao longo de 12 meridianos
principais «associados a órgãos». Depois, existem
oito meridianos curiosos que são considerados
reservatórios que fornecem Qi e sangue aos 12
canais principais. Marcados ao longo destes
meridianos estão mais de 400 pontos de
Acupuntura, que também foram classificados pela
Organização Mundial de Saúde. Encontram-se
indicados por nome, número e pelo meridiano ao
qual pertencem. Para além da classificação, sabemos
por experiência que pontos no mesmo meridiano
podem ter efeitos comuns. Outro tipo de pontos de
Acupuntura são os «pontos extraordinários». Têm
nomes específicos e localizações definidas, mas não
são atribuídos aos meridianos. Podem ser
selecionados em determinados tipos de doenças. Os
pontos Ashi («pontos sensíveis») são frequentemente
usados em doentes com síndromes de dor aguda.
Uma sensibilidade local aumentada ao palpar os
doentes identifica um ponto Ashi. Por conseguinte,
estes pontos não têm nomes específicos nem
localizações definidas. Considera-se que os pontos
Ashi representam a fase mais antiga da evolução dos
pontos de Acupuntura na China e podemos
considerá-los pontos de Acupuntura apropriados
para uma abordagem fisiológica da dor pela
Acupuntura. No entanto, na abordagem original
(chinesa) à Acupuntura, os pontos que o acupunctor
seleciona podem não estar necessariamente no local
da dor.
Intestino delgado
Bexiga
Como se incorpora esta filosofia clínica muito
diferente sobre a doença nos conceitos médicos
ocidentais?
Pelo uso frequente de aspas, deve tornar-se óbvio
que a Acupuntura não é facilmente transferida nem
traduzida para o conceito ocidental de medicina.
Por conseguinte, deve ter-se em consideração que as
definições e termos orientais não refletem
necessariamente uma visão fisiológica, mas sim um
conceito desenvolvido sem o conhecimento da
fisiologia moderna através da observação e da
descrição. Existe um grande número de escolas de
Acupuntura diferentes, que utilizam localizações e
seleções de pontos diferentes. Assim sendo, não é
possível interpretar a Acupuntura e redefini-la numa
abordagem pragmática da dor.
Estudos recentes de grande escala na
Alemanha enriqueceram muito este debate,
demonstrando que a Acupuntura em si, mas não o
cumprimento rigoroso de regras tradicionais
clássicas chinesas para a seleção de pontos de
Acupuntura, é eficaz no tratamento da dor.
Consequentemente, adaptar a Acupuntura