Page 22 Volume 16 - N.4 - 2008
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Dor (2008) 16 T. Magalhães, J. Silva Duarte: Gestão e Sustentabilidade das Unidades de Dor

Gestão e Sustentabilidade


das Unidades de Dor


Teresa Magalhães e João Silva Duarte 2
1






Resumo
Gerir no contexto actual uma unidade de dor num hospital público apresenta-se como um desafio interes-
sante, permitindo optimizar custos e incrementar proveitos. Com a actividade de controlo da dor a surgir
como uma prioridade a nível nacional, torna-se imperativo estabelecer preços a praticar que tenham em
conta o custo do serviço prestado. Este artigo procura contribuir para a estruturação das unidades de dor,
esclarecer alguns conceitos associados e a forma como são financiadas. Por outro lado, fornece algumas
orientações para a gestão destas unidades e indica os passos a seguir para garantir a sua sustentabilidade
futura.

Palavras-chave: Unidade de dor. Gestão. Sustentabilidade. Financiamento.


Abstract
To manage in the current context one unity of pain in a public hospital poses an interesting challenge for
optimizing costs and increasing associated revenues. As the activities of pain control assume a higher prior-
ity at national level, it becomes an imperative to revise the prices of the practice according to the costs of
the services provided. This article aims to provide a contribution to the organization of the unities and clar-
ify the way they are financed. The article also provides guidance to the steps that must be taken into account
in the management of the unities, to ensure its sustainability. (Dor. 2008;16(4):21-4)
Corresponding author: Teresa Magalhães, teresa.magalhaes@chs.min-saude.pt

Key words: Unity of pain. Management. Sustainability. Financing.




o
Na Circular Normativa n. 11, de 18-06-08 da colocação de neuroestimuladores) embora se ga-
1
Direcção-Geral da Saúde , encontramos o se- nhe de forma tangível na melhoria do doente .
2
guinte parágrafo: «a dor deixa de ser um sinto- Se considerarmos que as unidades de dor es-
ma para se tornar numa doença por si só (...) o tão na sua maioria inseridas nos hospitais públi-
controlo da dor deve, pois, ser encarado como cos, torna-se necessário enquadrar os cuidados
uma prioridade no âmbito da prestação de cui- prestados nestas unidades no modelo de finan-
dados de saúde, sendo, igualmente, um factor ciamento que existe actualmente no Sistema Na-
decisivo para a indispensável humanização dos cional de Saúde, tendo em conta que este tipo de
cuidados de saúde». doentes não tem um financiamento específico.
Para que o controlo da dor seja encarado Gerir de uma forma rigorosa envolvendo todos
como uma prioridade, as instituições de saúde os elementos da unidade e responsáveis da ins-
têm de estar preparadas para assumir esta tituição torna-se essencial para garantir a sus-
orientação. Gerir a doença da dor crónica tem tentabilidade de gestão desta doença.
3
custos e, se contarmos com as unidades de dor Segundo Vasco Reis (2007) , a gestão «é ge-
que têm uma maior diferenciação técnica, os ralmente definida como um processo com uma
custos podem ser muito elevados (por exemplo, componente interpessoal e técnica cujo objecti-
vo é a transformação de recursos humanos e
materiais e de tecnologias em resultados». A
gestão pressupõe quatro funções principais –
planear, organizar, liderar e controlar – que de-
1 Vogal do Conselho de Administração vem estar intrínsecas no responsável destas
2 Director do Departamento de Anestesiologia
Centro Hospitalar de Setúbal unidades (Fig. 1). O planeamento surge como a DOR
Lisboa, Portugal primeira etapa da gestão em que é necessário
E-mail: teresa.magalhaes@chs.min-saude.pt saber o que se vai fazer, quantos doentes se 21
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