Page 20 Volume 16 - N.4 - 2008
P. 20
C. Nóbrega, et al.: Nevralgia do Trigémio na Esclerose Múltipla: Que Diferenças?
60
10 2 p = 0,029
3 ramos
2 4
40 2 ramos EM
Idade p = 0,001
1 ramo 9 14 Sem EM
20 0% 50% 100%
Sem EM EM
Figura 2. Indivíduos com ou sem EM de acordo com o
Figura 1. Indivíduos com ou sem EM por idades. nº de ramos do trigémio afectados.
3 ramos 1 11 p = 0,007
p = 0,009
Sem hipostesia 12 19
2 ramos 4 2
RM normal
EM 1 ramo 14 9 RM alterada
9 1 Sem 19 12
Hipostesia Sem EM hipostesia
Hipostesia 0 10 p = 0,001
0% 50% 100%
0% 50% 100%
Figura 3. Indivíduos com ou sem EM de acordo com a Figura 4. Correlação entre a distribuição da dor e
presença ou ausência de hipostesia. presença de hipostesia e os achados em RM-CE.
Discussão doentes não permitiu atingir significado esta-
tístico.
Os resultados mostram sinais e sintomas que Embora intuitivo na prática clínica e apon-
parecem surgir mais frequentemente nos doen- tadas como sinal de alerta na Classificação
tes com EM. Alguns estudos têm apontado a Internacional de Cefaleias , o envolvimento de
1
idade mais jovem como um sinal de alerta dois ou mais ramos do trigémio e a presença
para EM 5,10,12 , aspecto também encontrado no de hipostesia não foram reportados como
presente estudo (37,2 anos na EM vs 48,4 anos mais prevalentes na população com EM nos
na população geral). Contrariando esta tendên- estudos de referência 5,7,9,10,12 . O nosso traba-
cia, Hooge encontrou uma idade de início idên- lho mostra uma clara diferença na prevalência
7
tica à da população geral (51 anos). Contudo, destes sintomas. Quarenta e oito por cento
detectou uma idade média semelhante à encon- dos doentes com EM têm envolvimento dos
trada nos restantes estudos (38,2 anos) nos do- três ramos do trigémio, enquanto que este
entes em que a NT era forma de apresentação aspecto só está presente em 10% dos doen-
da EM. Tendo em conta a elevada proporção des- tes com NT clássica. Relativamente à presença
tes doentes no nosso trabalho (28,6%), pode de- de hipostesia, a diferença é de 43 para 5%,
ver-se a eles a diferença de idades encontrada. respectivamente.
Outro aspecto frequentemente associado à É interessante verificar que o envolvimento
EM é a existência de sintomas bilaterais 7,9,10,12 . dos três ramos do trigémio e a presença de hi-
A prevalência desta ocorrência na EM varia en- postesia são também preditivos da existência de
tre 11 e 32% 7,9,10,12 , intervalo no qual se insere o lesões desmielinizantes protuberanciais em RM-
encontrado no presente estudo (14%). Apesar CE. Mas o que é importante ressalvar é que DOR
da diferença na prevalência entre doentes com existem doentes com EM que não apresentam
e sem EM (14 vs 0%), o escasso número de lesões desmielinizantes que justifiquem a clínica 19