Page 17 Volume 18 - N.1 - 2010
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Dor (2010) 18





Córtex
Sistema limbico
Tálamo
Modulação descendente
Área periaqueductal
Mensencéfalo
Formação reticular lateral


Núcleo Magno Formação reticular media
Médula oblongata

Feixe espinotalâmico
Cordão posterior (substância gelatinosa)

Medula espinal Fibras nociceptivas aferentes primárias





Figura 1. Feixe espinotalâmico .
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que persiste por um longo período e desenvol- avaliação, pois existem diferenças na forma
ve fenómenos de aprendizagem e condiciona- como os doentes percebem o controlo sobre a
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mento provoca no paciente alterações ao ní- sua dor; a auto-eficácia que vai interferir na to-
vel da actividade física, sono, vida sexual, lerância à dor e as estratégias de coping adop-
trabalho, lazer, alteração do humor e auto-esti- tadas pelo paciente, pois doentes que permane-
ma, pensamentos negativos, desesperança e cem passivos têm menor controlo sobre a sua
alterações nas relações familiares . É na popu- dor e apresentam níveis elevados de incapaci-
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lação feminina que existem mais sintomas rela- dade física .
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cionados com a dor, e a dor crónica afecta mais Considerando que o medo, a ansiedade, a
as mulheres que os homens . No entanto, de- frustração, a desesperança e a depressão fa-
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vido à multicausalidade da experienciação da zem parte do emocional da pessoa que sofre de
dor, é difícil de determinar se essa diferença dor crónica , é muito importante avaliar estas
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tem origem nos factores psicológicos ou nos variáveis no sentido de perceber como interfe-
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biológicos . Estas alterações são difíceis de ava- rem na vida da pessoa. De facto, existe uma
liar, implicando uma valorização das percepções relação muito forte entre a ansiedade e a dor,
de cada paciente, relativamente à dor que sen- sendo que a ansiedade pode exacerbar a dor,
te. Torna-se por isso importante considerar todas aumentar o medo de ter dor, provocar compor-
as variáveis implicadas na dor e os factores psi- tamentos de evitamento à dor e desenvolver um
cossociais relevantes para a dor crónica. Neste processamento mal-adaptativo da sensibilização
sentido, importa avaliar o comportamento adop- à dor. A baixa expectativa pode acompanhar
tado pelo paciente perante a dor; perceber a sentimentos de frustração ou de depressão .
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forma como o contexto social interfere no com- Ainda segundo estes autores, a prevalência de
portamento do doente, já que o comportamen- depressão é muito elevada em pacientes com
to não só é reforçado e moldado pelos outros, dor crónica e é um preditor de maior incapaci-
como também influencia e molda o comporta- dade física, maior frequência na percepção de
mento dos outros, e avaliar o suporte social que dor, mais perturbações do sono, piores resulta-
está relacionado positivamente com a adapta- dos na actividade física, menor percepção do
ção à dor, pois quanto maior for o suporte, apoio social e diminuição dos benefícios de in-
menor é o uso da medicação e maior a activi- tervenção.
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dade do doente . Apesar dos dados da Organização Mundial
Na avaliação da pessoa que sofre de dor da Saúde (OMS) não sugerirem a dor crónica
crónica, é ainda importante atender às crenças, como causa da mortalidade global, é conside-
DOR já que estas constituem um preditor muito im- rada um grande problema de morbilidade, cau-
portante na adesão ao tratamento; o locus de
sando alterações no doente, família e comunida-
16 controlo é igualmente importante considerar na de, para além dos altos custos para a sociedade .
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