Page 25 Volume 18 - N.1 - 2010
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«reclamou mais informação referente à utilização
Tabela 1. Critérios de utilização de metadona
de metadona» (sic), esta informação foi entre-
Unidades\alíneas a b c d e f g gue e, mesmo assim, a resposta final foi negati-
va. Na unidade de dor do Hospital Garcia de
Matosinhos X X X X Tolerância Orta, em Almada, a sua utilização como analgé-
Porto Santo António X sico também já foi solicitada, tendo sido, igual-
mente, indeferida pelo Infarmed. No IPOLFG, a
Castelo Branco X utilização de metadona como analgésico fora do
Fundão X X abrigo do protocolo celebrado em 2001 com o
Infarmed «é impossível...» (sic). O médico res-
Oliveira Azeméis X ponsável da unidade de dor do Hospital Santo
Leiria X António no Porto refere que, nas circunstâncias
actuais, em 2005, «não há via» (sic) para a uti-
Águeda X Dor aguda lização de metadona no combate à dor.
Dos entrevistados com experiência na utiliza-
Elvas X Imigrado
ção da metadona como analgésico, somente os
Lisboa Curry Cabral X do Centro Hospitalar da Cova da Beira e o do
Hospital Pedro Hispano, de Matosinhos, referi-
Lisboa Capuchos X IPOLFG
ram fácil acessibilidade à metadona; os restan-
Lisboa IPOLFG X X tes são unânimes em reconhecer a intransponi-
bilidade dos obstáculos legais e institucionais à
Almada X sua utilização em doentes fora do âmbito de
Funchal X tratamentos de desintoxicação.
Não foram identificados pelos médicos entre-
3 3 1 1 0 10 4 vistados quaisquer obstáculos à utilização de
a: rotação toxicidade; b: rotação dor refractária; c: fármaco de metadona no controlo da dor por parte dos do-
primeira linha; d: insuficiência renal; e: insuficiência hepática; entes ou familiares.
f: antecedentes toxicofilia; g: outras. Foram descritos pelos médicos 19 casos de
dor crónica com necessidade de recurso a utili-
zação de metadona.
Na tabela 2 é possível observar a distribuição
A opção g (outras) incluiu doentes oncológi- dos casos, por unidade de dor, sexo, idade e
cos já medicados, no estrangeiro ou no Instituto diagnóstico do doente.
Português de Oncologia de Lisboa Francisco Na tabela 3 é possível observar a distribuição
Gentil (IPOLFG), dor aguda e tolerância em caso por caso clínico de dor crónica com recurso a
de dor não oncológica. utilização de metadona por tipologia da dor, uso
A opção e (insuficiência hepática) não foi re- médico prévio de opióides e, quando tal se apli-
ferida por qualquer dos médicos. ca, motivo da rotação de opioides.
Os médicos reportaram ter obtido controlo A distribuição observada destes casos por
satisfatório da dor em 100% dos casos. sexo foi de 7 ♂:12 ♀, informação omissa em
Os efeitos secundários da metadona foram dois casos por dificuldade de acesso aos re-
descritos como os «esperados», «aceitáveis» e gistos por parte dos médicos entrevistados.
de «fácil manejo» (sic). Nenhum dos médicos Verificou-se que a média de idades registada
inquiridos relatou qualquer situação de morte foi de 50,6 anos, entre 37-80 anos, informação
decorrente da utilização de metadona. omissa em dois casos pela razão acima citada.
Dez unidades de dor obtinham metadona di- Em relação à distribuição observada, por diag-
rectamente a partir dos CAT, duas a partir da nóstico, neste grupo de casos, há a destacar
farmácia hospitalar, e a unidade do Instituto o predomínio de doença oncológica (14), fi-
Português de Oncologia Francisco Gentil, de bromialgia (1), síndrome miofascicular (1), do-
Lisboa, teve acesso a metadona durante um ença arterial periférica (1), síndrome complexo
período de 2 anos, entre 2001-2003, por dispo- regional (1) e infecção VIH/SIDA (1). Na distri-
sição legal, a partir do CAT. buição de casos por tipologia de dor, foi pos-
Quanto às dificuldades sentidas na obtenção sível constatar o predomínio de dor neuropáti-
de metadona para o controlo da dor pelos res- ca (12 casos).
ponsáveis das unidades de dor até 2006, atra- No que se refere à distribuição observada por
vés de pergunta aberta foi possível apurar que critério de utilização, pode dizer-se que na tota-
nos hospitais da Universidade de Coimbra foi lidade dos casos a metadona foi introduzida em
solicitada por duas vezes autorização ao Infar- contexto de rotação de opióides e não constituiu
med para a disponibilização de metadona para uma primeira escolha.
ser utilizada como analgésico, sempre indeferi- Quanto à distribuição observada dos moti-
DOR da: «só está aprovada em Portugal para trata- vos individualizados para a rotação de opiói-
mento de toxicodependência» (sic). No IPO do
des verificou-se a presença de 11 casos de
24 Porto foi feito o mesmo pedido ao Infarmed, que dor refractária, primária e secundariamente, a