Page 23 Volume 18 - N.1 - 2010
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Dor (2010) 18


Methadone was used up to 2006 in 42 cases (acute pain 23/chronic pain 19), the main reason was drug
addiction followed by the need to rotate the opioid. Good pain control was achieved in every single case and
secondary effects were neglectable.
Eleven units obtained methadone from National Drug Rehab Centers (CAT) and two from hospital pharmacy.
It was stated that, up to 2006, it was very difficult to obtain methadone for pain control, nevertheless there
were no obstacles neither from patients, nor their families.
On the 19 chronic pain reports female:male ratio was 1.7, median age 50.6 years and majority cancer patients;
methadone was introduced always on opioid rotation never as a first choice.
Forty-six from 50 chief medicals agreed that they need free access to methadone for pain control, three that
they do not and one had no opinion formed. Methadone was claimed for opioid rotation, either by toxicity or
refractory pain, drug addict, first line drug, renal failure, miscellaneous, hepatic failure, low price and
neuropathic pain.
Conclusions. Up to 2006, even under adverse conditions, difficult access and no publicity, methadone was
used on pain at 13 units in 42 cases and 92% of the chief medicals stated the need to include it on pain
management units formulary. (Dor. 2010;18(1):21-8)
Corresponding author: Ana Melo Botelho, melobotelho.ana@gmail.com
Key words: National Health Care System Pain Management Units.




A metadona é um opióide forte, sintético, de o seu uso, devendo ser titulada cuidadosamen-
manufactura fácil e de muito baixo custo usado te e em doses personalizadas de acordo com
como analgésico desde 1947, com triplo meca- protocolos de rotação como o modelo de Ed-
nismo de acção – agonista dos receptores opi- monton (rotação lenta) ou o modelo Morley &
óides µ, σ e κ, antagonista dos receptores NMDA Makin (rotação rápida), e é uma alternativa váli-
(inibição equipotente à da quetamina) com re- da aos opióides convencionais para doentes no
versão da tolerância à morfina e alívio da hipe- domicílio 9,12-21 .
ralgesia – e inibidor da recaptação de monoami- A metadona é utilizada nos hospices do Reino
nas, de modo similar aos antidepressivos tricíclicos, Unido, por 89% dos médicos, desde a publica-
donde a sua mais-valia em contextos de dor neu- ção da recomendação nesse sentido pela Pain
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ropática, dor refratária a analgésicos opióides Relief Foundation em 1993 . No Anderson Can-
convencionais e, ainda, em termos de custo- cer Center (EUA), o número de prescrições de
benefício, sendo recomendada, como alternativa metadona como analgésico, para doentes em
à morfina, nas directrizes da Organização Mun- tratamento ambulatório, aumentou 12 vezes,
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dial da Saúde (OMS) para o controlo da dor num período de 3 anos, até 2005 . No entanto,
oncológica e está incluída na lista básica de em Portugal, é desconhecida quer a utilização
fármacos para alívio da dor oncológica, mode- de metadona como analgésico, quer a necessi-
rada-severa, publicada pela OMS em 1996 . dade sentida da sua utilização; assim, e com o
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A metadona consta, ainda, da selecção de intuito de caracterizar a experiência nacional, foi
«vinte fármacos essenciais em cuidados paliati- aplicado, em entrevista, questionário original nas
vos» em décimo lugar, somente ultrapassada, unidades de dor da rede pública.
no grupo dos opióides, pela morfina . Bruera O questionário está dividido em três secções
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afirma que existem três barreiras à utilização de distintas: a) caracterização sumária da unidade
metadona como analgésico: desconhecimento de dor; b) caracterização do uso de metadona
por parte dos clínicos da sua farmacocinética, como analgésico nas unidades de dor, e c) ca-
estigma da sua associação, por parte dos mé- racterização da necessidade sentida de utilização
dicos, exclusivamente à desintoxicação de toxi- de metadona no combate à dor pelos responsá-
codependentes e, paradoxalmente, o seu baixo veis das unidades de dor.
preço (1/10 do da morfina), que não constitui O questionário foi aplicado pela autora, em
incentivo económico suficiente para a indústria cada unidade de dor, em entrevista presencial,
farmacêutica ou para as instituições de saúde feita aos responsáveis médicos das mesmas,
investirem em ensaios clínicos, divulgação ou entre junho de 2005 e março de 2006.
formação profissional 2,8-10 . Assim, a metadona é Foram incluídas as unidades de dor presentes
classificada como um «fármaco órfão» por Ripa- no Prontuário das unidades de dor portuguesas,
monti, pois apesar do seu valor clínico não é publicado pela Associação Portuguesa para o

rentável e, devido a isso, não é interessante para Estudo da Dor (APED), em 2005, com edição de

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a indústria farmacêutica . Caseiro, admitindo-se que, à data, este docu-
DOR metadona é uma opção segura quando prescri- mento pudesse conter a quase totalidade das
De acordo com a experiência internacional, a

unidades de dor existentes na rede pública, re-
22 ta por médicos experientes e familiarizados com presentadas no mapa da figura 1 .
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