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D. Correia: Douleurs Sans Frontières
universidades locais, validadas por um diploma.
As formações de formadores, destinadas a
constituir nesses países um núcleo de profissio-
nais especializados no tratamento da dor, que
possam assegurar a continuidade das acções
ministradas, são promovidas pela DSF, sendo
complementadas por formações contínuas ou
específicas efectuadas de acordo com as ne-
cessidades identificadas.
A constituição, organização e desenvolvi-
mento de unidades de dor no seio dos hospitais
de referência, a sua actividade clínica, as equi-
pas móveis intra-hospitalares, o apoio na ela-
boração de normas e protocolos, a construção
e remodelação de espaços físicos para coor-
denação destas actividades, são patrocinadas
pela DSF. Figura 1. Formação no tratamento da dor.
A implementação de equipas móveis de apoio
e cuidados domiciliários, de dispositivos de ava-
liação médica e psicossocial às crianças em
sofrimento, a construção e criação de espaços,
integrando de forma coordenada esta prestação
de cuidados, são apoiadas pela DSF. Esta pres- Desde o início da sua actividade em Mo-
ta todo o apoio técnico indispensável para que çambique, a DSF tem realizado formações te-
a avaliação e o tratamento da dor seja realizado óricas e práticas no tratamento da dor e dos
de uma forma integrada nas estratégias e planos cuidados paliativos. Estas acções permitiram
de saúde dos diferentes países. formar mais de 200 médicos e enfermeiros
A sensibilização, informação e formação dos locais (Fig. 1).
vários intervenientes da sociedade civil, o apoio Por solicitação das autoridades nacionais con-
aos seus projectos, o desenvolvimento de uma frontadas com a epidemia da síndrome disimu-
colaboração com os curandeiros (medicina tra- nitária adquirida (SIDA), a DSF estendeu o seu
dicional), com as associações comunitárias de campo de acção à avaliação e tratamento físico
doentes ou profissionais são efectuados pela e psicossocial dos pacientes (adultos e crian-
DSF. É incentivada, sempre que possível, a in- ças) infectados pelo VIH/SIDA, desenvolvendo
formação aos pacientes, aos cuidadores, e aos um dispositivo de cuidados domiciliários na pro-
diversos parceiros acerca das várias modalida- víncia de Gaza. Neste âmbito, a DSF suporta
des e possibilidades de tratamento existentes. uma importante rede de voluntários (cerca de
A DSF exerce a sua actividade em Angola, 300 pessoas), formados em cuidados domiciliá-
Arménia, Camboja, França, Haiti, Irão, Líbano, rios, que acompanham cerca de 5.000 pacien-
Marrocos, Moçambique. No orçamento de 2009, tes e apoiam a sua ligação com as unidades
44% das verbas disponíveis foram aplicadas na sanitárias.
República de Moçambique. Estes voluntários (agentes de cuidados domi-
Entre os principais financiadores desta ONG ciliários [ACD]) exercem diversas funções no
estão a UNICEF, Comissão Europeia, Fundo âmbito da assistência domiciliária. Muitos deles
Mundial, Agence Française de Développement possuem treino e formação na avaliação e trata-
e a Coopération Canadienne. mento da dor. As suas funções, de natureza
social na promoção da saúde e da pessoa, na
detecção da doença, na articulação e referencia-
Douleurs Sans Frontières em Moçambique ção do doente à unidade de saúde, a interacção
A DSF está implantada em Moçambique des- que efectuam com a medicina popular/curan-
de 1996. Tem desenvolvido um programa que deiros, são factores elucidativos das suas impor-
visa um melhor tratamento da dor e alívio do tantes actividades (Fig. 2).
sofrimento das populações, através da promoção Na altura das inundações de 2001 na provín-
das competências dos profissionais de saúde, e cia de Gaza, a DSF implementou um centro de
da melhoria dos mecanismos de coordenação apoio psicossocial em Chókwè – Centro de Re-
entre os interlocutores institucionais e os da abilitação Infantil (CRI) para ajudar as famílias e
sociedade civil. as crianças vítimas das cheias, sofrendo de
Em 2007, apoiou a instalação de uma unidade stress pós-traumático. Esta unidade, apoiada e
de dor no Hospital Central de Maputo (HCM) para supervisionada tecnicamente por equipas do
melhorar o tratamento dos doentes que sofrem Centro de Reabilitação Psicológico Infantil e Ju-
de dor crónica. A colaboração com a Unidade de venil (CERPIJ) do HCM, transformou-se num DOR
Dor do Hospital Central da Beira (HCB) teve centro de recursos e de apoio psicológico para
início em 2009. todas as crianças em dificuldades. 33
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