Page 35 Volume 19 - N2 - 2011
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Dor (2011) 19
© Permanyer Portugal 2011
Figura 9. Lesões articulares. Figura 10. Lesões articulares.
É de importância fundamental uma avaliação Observámos uma mudança de conceitos e de
diagnóstica com compreensão plena da etiolo- atitudes, desde o completo niilismo das décadas
gia e fisiopatologia, estabelecer um plano de de 60 e 70 ao entusiasmo quase fundamentalista
tratamento, com alternativas terapêuticas possí- na prescrição destes fármacos da década de 90,
veis e com reavaliações adequadas, quantifi- o que implica para todos nós uma visão desapai-
cando o alívio da dor. xonada, sem receios nem dogmas, naturalmente
É necessário ter em mente que não existe um ponderada, baseada na ciência e no saber, re-
tratamento único para todos os doentes com dor, fletidos nos inúmeros estudos, artigos e traba-
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e que algumas das nossas intervenções fracas- lhos dedicados a este tema muito complexo .
sam, não sendo obviamente eficazes em todas Sem dúvida que existem inúmeras regulamen-
as situações clínicas . tações, barreiras, mitos, restrições e alterações
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Contudo, muitas destas intervenções terapêu- legislativas que condicionam a prescrição, a mo-
ticas não estão bem validadas e o tipo de inter- nitorização e a terapêutica com opióides condi-
venção poderá eventualmente ser determinado cionando-a e implicando que «Opioid monitoring
ou condicionado pela capacidade técnica do is even more complex than anticoagulation over-
profissional ou do Centro a que recorreu, e não sight as a result of the many regulations and
apenas pelo seu quadro clínico, podendo existir behavioral issues surrounding prescription of
um risco de este paciente receber um tratamen- controlled substances» .
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to menos adequado . Em Portugal, foi elaborado no âmbito do Plano Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação
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Evitar intervenções inadequadas ou pouco Nacional de Luta Contra a Dor , sob a coorde-
consequentes deverá ser um objetivo constan- nação científica do então presidente da comis-
te, minimizando as pressões do doente, dos são de coordenação nacional do referido Plano,
familiares próximos e inclusive de alguns cole- Professor Doutor José Castro-Lopes, após audi-
gas, ultrapassando e racionalizando a «terrível ção prévia da Associação Portuguesa para o
lógica» do «fazer qualquer coisa; tentar qual- Estudo da Dor (APED), um documento que a
quer coisa», gerindo com bom senso as dificul- Direção Geral da Saúde publicou em março de
dades inerentes e coexistentes em qualquer 2008 sob a forma de circular informativa, relativa
sistema de saúde. à «Utilização dos medicamentos opióides fortes
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Se o descrito por Sydenham T, em 1680 («Among na dor crónica não-oncológica» .
the remedies which it has pleased Almighty God É fundamental o respeito por estas normas, a
to give to man to relieve his sufferings, none is que acresce o necessário juízo crítico na pres-
so universal and so efficacious as opium») per- crição destes fármacos (opióides fortes), pois
manece perene e atual, os opióides no trata- apesar dos enormes progressos nas ciências
mento da dor crónica não-oncológica são alvo «básicas», os opióides são fundamentais no tra-
de inúmeras controvérsias, debates e discus- tamento da dor .
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sões sobre a sua prescrição, protocolos, nor- É importante para minimizar e obviar eventu-
mas, regras, consensos terapêuticos, da ne- ais situações futuras que a decisão de instituir
cessidade ou não de um consentimento infor- esta terapêutica seja partilhada entre o médico
mado ou de uma avaliação psicológica prévia, e o doente, efetuada numa Unidade de Dor,
a exigência ou não de um único prescritor, a implicando o consentimento expresso e informa-
adaptação à posologia prescrita, a tolerância do (não necessariamente escrito) deste, definin-
DOR inerente a estes fármacos, não se verificando do objetivos terapêuticos.
uma unanimidade ou convergência absoluta de
A enorme maioria dos estudos randomizados
34 opiniões. realizados para avaliar o tratamento com opióides