Page 30 Volume 19 - N2 - 2011
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Dor (2011) 19

Dor Crónica Não-Oncológica:
© Permanyer Portugal 2011

a Dificuldade no Controlo Álgico


Teresa Ferreira







Resumo
O autor descreve um caso clínico de dor crónica não-oncológica, complexo, cuja evolução temporal e as
patologias associadas condicionam e dificultam o controlo álgico.
Palavras-chave: Dor. Poliartralgias. «Bomba».


Abstract
The author describes a clinical case of non oncologic chronical pain, complex, whose evolution in time and
associated pathologies, conditioning and make the algic control difficult. (Dor. 2011;19(2):29-36)
Corresponding author: Teresa Ferreira, tmnf@netmadeira.com
Key words: Pain. Polyarthralgia. Pump.





Introdução população adulta portuguesa sofre de dor cró-
A International Association for the Study of nica, que são afetadas cerca de dois milhões e
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Pain (IASP), definiu em 1979 «dor» como «uma meio de pessoas, cujo custo anual é superior a
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experiência multidimensional desagradável, en- três mil milhões de euros .
volvendo não só um componente sensorial mas É um grave problema nos idosos, particu-
também um componente emocional, e que se larmente nas mulheres, com um enorme im-
associa a uma lesão tecidular concreta ou po- pacto no estado de saúde, provocando uma
tencial, ou é descrita em função dessa lesão» . diminuição ou incapacidade funcional severa, Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação
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A dor crónica é difícil de tratar, e muitas das condicionando alterações significativas na qua-
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nossas intervenções terapêuticas não obtêm o lidade de vida .
sucesso desejado ; atinge 19% dos adultos na A dor crónica constitui um problema major na
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Europa, com uma intensidade moderada a se- prestação de cuidados de saúde na Europa que
vera, afetando a sua qualidade de vida em par- tem de ser séria e devidamente considerado,
ticular nas vertentes social e laboral, represen- apresentando muitos pacientes problemas mul-
tando 50% das consultas médicas, mas apenas tidimensionais complexos que necessitam de
cerca de 2% destes doentes são tratados por uma intervenção integrada de natureza biopsi-
3,4
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médicos com diferenciação nesta área . cossocial .
Nos países «desenvolvidos», a dor crónica atinge Este tratamento multimodal de natureza farma-
cerca de 20% da população, sendo prevalente cológica e não-farmacológica poderá incluir,
nas mulheres e crianças, mas apenas 2% desta além de associações farmacológicas «conven-
4,5
é consequência de patologia oncológica . cionais», a terapia física, o apoio psicológico, a
Em Portugal, foi documentado no «Estudo de reabilitação e a possibilidade de técnicas inva-
Prevalência de Dor Crónica na População Portu- sivas, se consideradas necessárias.
guesa», realizado pela Faculdade de Medicina
da Universidade do Porto, que mais de 30% da Caso clínico
VTAB, 70 anos de idade, sexo feminino, raça
caucasiana, enviada à consulta da Unidade de


Anestesiologista
Competência em Medicina da Dor OM
Unidade de Dor DOR
Hospital Central do Funchal Apresentado no XII Fórum de Dor das Ilhas Atlânticas,
E-mail: tmnf@netmadeira.com Puerto de la Cruz, Tenerife, 8-10 de junho de 2011. 29
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