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T. Ferreira: Dor Crónica Não-Oncológica: a Dificuldade no Controlo Álgico
© Permanyer Portugal 2011
Figura 1. Artroplastia total da anca direita.
Em fevereiro de 2004, por não referir dor, o
seu médico assistente suspendeu o tramadol.
Em março surge novo episódio de dor na anca,
sendo medicada com paracetamol + codeína
(1 + 0 + 1). Dor controlada até maio de 2005, Figura 2. Cifoplastia.
quando esta reaparece. Suspende o paraceta-
mol + codeína e inicia tramadol 200 mg retard
(1 + 0 + 1) e 1 g de paracetamol em SOS. Por
persistência da sintomatologia álgica e após de- Em janeiro de 2007 inicia fisioterapia (esti-
cisão em consulta de grupo, suspende tramadol mulação elétrica transcutânea [TENS] e calor
e inicia fentanilo 25 µg/h de 72/72h sistema húmido). Apresenta algumas melhoras perma-
transdérmico (TDS). Foi observado em consulta necendo a maior parte do tempo retida no
de psicologia que descreve não existirem ga- leito. Administra-se ozono paravertebral (PV)
nhos secundários. Procedeu-se a TC dorsolom- (Figs. 3 a 5) e após três sessões refere um valor
bar – fractura de D12 e L1 – sendo proposta na de EVA = 2. Reduz o fentanilo para 100 µg/h.
consulta de decisão terapêutica a realização de Seis meses após, apresenta EVA = 2 lombar e
cifoplastia. Em julho de 2005 é efetuada cifo- EVA = 8 generalizado, dor à palpação da articu-
plastia de L1 (D12, por se tratar de uma fratura lação SI esquerda, sinal de Lassegue à esquer- Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação
antiga, não tem indicação). Doente melhorada da positivo a 45 e edemas periarticulares. O
o
(EVA = 0), mantém fentanilo prescrito. seu médico assistente verificou a existência de
Em outubro de 2005 refere agravamento da alterações analíticas no hemograma. Efetuou
lombalgia (EVA = 9), tendo a Rx lombar demons- medulograma que foi normal. Propõe-se infiltra-
trado fratura de L2. Procedeu-se a um aumento ção SI esquerda que recusou, aceitando a ad-
gradual da dose de fentanilo transdérmico até ministração de ozono PV. Procedeu-se ao au-
100 µg/h e iniciou citrato de fentanilo transmu- mento de dose de fentanilo para 125 µg/h,
cosa oral. Após a cifoplastia de L2 (Fig. 2) em sendo mal tolerado pela paciente. A TC lombar
novembro de 2005, reduziu-se o fentanilo para é semelhante às anteriores. Após três sessões
75 µg/h por apresentar EVA = 1. de ozonoterapia, em dezembro de 2007 apre-
Dor controlada durante um ano, mas em maio senta-se melhorada. Reduz-se a dose de fenta-
de 2006 refere dor paralombar (EVA = 4), tipo nilo para 100 µg/h.
moinha, sem irradiação, relacionada com o es- Mantém situação clínica estável apesar da dor
forço. Associa-se metamizol magnésico e tio- lombar que se agrava ao longo do tempo. Em
colquicosido, sem melhoras evidentes. A do- abril de 2008, após realização de um medulo-
ente recorre a todos os SOS possíveis e grama, foi diagnosticado uma leucemia linfóide
apresenta dor à palpação da região sacroilía- crónica (LLC) estacionária. Não tolera o aumen-
ca (SI) direita. Aumenta-se a posologia do fen- to da dose de fentanilo.
tanilo para 100 µg/h e propõe-se realização de Em janeiro de 2008 refere dores osteoarticula-
infiltração da articulação SI direita com ropiva- res generalizadas, mais intensas a nível do om-
caína e prednisolona, tendo sido realizada em bro esquerdo, cotovelo direito e região lombar
outubro. Na consulta de dezembro de 2006 que se intensificam ao terceiro dia após a colo-
mantém dor lombar em barra (EVA = 7). Aumen- cação do transdérmico (dia de mudança). Su- DOR
ta-se a posologia do fentanilo para 125 µg/h, gere-se a substituição dos sistemas de forma
que é mal tolerado pela doente. alternada (100 + 25 µg/h). A Rx do cotovelo 31