Page 14 Analgesia em Obstetrícia
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2.3. Factores que a influenciam
2.3.1. Fisiológicos
A intensidade da dor do TP aumenta com a evolução da dilatação e parece ser
directamente relacionável com a intensidade, duração e frequência das contracções
uterinas. Provavelmente, será esta a explicação lógica para o aumento da intensida-
de da dor, que muitas mulheres experimentam à medida que o TP avança. No
entanto, não reflecte necessariamente a experiência individual de cada uma.
Existe, também, uma relação directa entre a ocorrência de dismenorreia e
a intensidade da dor no TP, provavelmente devido ao aumento de síntese de
prostaglandinas como mecanismo responsável em ambas as situações. A
intensidade das contracções poderá, também, ser um factor mais importante
do que a própria duração.
As mulheres nulíparas experimentam maior sensação dolorosa do que as
multíparas, pelo menos até aos 5 cm de dilatação, após o que a diferença se
atenua. A diferença na progressão do TP entre nulíparas e multíparas pode ser
a explicação: a maior flexibilidade dos tecidos das multíparas transmitirá
menos estímulos dolorosos; pelo contrário, a súbita estimulação dos recepto-
res, durante a 2ª fase do TP, poderá, nestas mulheres, ocasionar o aumento da
intensidade dolorosa, em comparação com as nulíparas, pois estas sofrem
uma distensão tecidular mais gradual.
Em relação ao feto, a sua posição posterior tem sido referida como respon-
sável pelas lombalgias que algumas mulheres sentem. Contudo, pelo menos um
estudo mostrou que a existência daquelas lombalgias provavelmente não se
relacionaria com a posição fetal, sugerindo um outro que estariam antes
relacionadas com a sua existência durante os períodos menstruais.
A posição da grávida durante as contracções também tem influência na
intensidade dolorosa. Alguns estudos mostraram que algumas mulheres senti-
ram menos dor na posição supina do que na de decúbito, sendo que num deles
essa diferença só foi nítida a partir dos 6 cm de dilatação.
O tamanho e peso fetais, a relação peso/altura da futura mãe, também têm
sido referidos como responsáveis pelo aumento da intensidade dolorosa,
embora sem confirmação.
Por ultimo, foi referenciado que, nas mulheres que nunca tinham tido
nenhuma experiência dolorosa, a dor do seu TP foi menos intensa do que
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naquelas que tiveram experiências dolorosas anteriores .
2.3.2. Psicossociais
Múltiplas variáveis psicossociais têm sido estudadas em relação com a dor
no TP, sendo que muitas destas são próprias das mulheres e outras resultantes
do seu relacionamento com os outros e com o ambiente.
Variáveis como a cultura e a etnia sugerem diferenças nas experiências
dolorosas durante o TP, embora não comprovadas por estudos recentes.
Experiências adquiridas e comportamentos esperados, em algumas subcultu-
ras, poderão ter importância na percepção e expressão dolorosa.
Ao contrário da, por exemplo, relação entre dismenorreia e dor no TP,
experiências dolorosas anteriores não ginecológicas, parecem provocar
menor intensidade dolorosa durante o TP.
A ansiedade, associada muitas vezes à pouca informação acerca do parto,
está implicada no aumento da sensação dolorosa. Embora alguma ansiedade
seja um factor normal, o seu excesso produz uma maior libertação de cateco-
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