Page 19 Analgesia em Obstetrícia
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4. Analgesia sistémica do trabalho
de parto
FILIPA LANÇA
Apesar de, nos últimos anos, ter havido um incremento na utilização de técnicas
regionais na analgesia de parto, a farmacologia sistémica, administrada via intra-
muscular ou endovenosa, é ainda muito usada. As parturientes que não podem ou
não precisam da anestesia regional (epidural, subaracnoideia) consideram que este
tipo de medicação constitui uma boa opção para o alívio parcial da dor durante o
seu trabalho de parto (TP).
De modo a ajudar as grávidas a decidir qual a técnica mais adequada ao seu
caso, devemos tornar bem explícita a diferença entre analgesia (diminuição da dor
ou percepção da dor) e anestesia (bloqueio da dor, normalmente com anestésicos
locais, que resulta em insensibilidade). Os fármacos endovenosos são utilizados
para fornecer analgesia e não anestesia. O grau de analgesia está condicionado
pelos efeitos secundários que podem surgir com o aumento da dosagem dos
mesmos. No entanto, há situações em que continuam a ser preciosos. É importante
recordar que não existe a chamada anestesia/analgesia ideal ou universal.
Os fármacos sistémicos têm sido administrados às parturientes desde
1847, para ajudá-las a suportar a dor do TP. Este tipo de medicação oferece
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várias vantagens :
• São administrados facilmente, sem ser preciso um anestesista.
• Requerem uma monitorização mínima.
• Têm uma baixa incidência de complicações.
• Podem ser dados durante uma fase inicial do TP, altura em que um
bloqueio epidural com anestésicos locais poderia provocar um atraso
significativo na progressão do mesmo.
• A analgesia do neuroeixo pode não estar disponível em todas as
maternidades.
• A analgesia regional pode estar contraindicada.
• Algumas mulheres receiam a analgesia regional.
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No entanto, têm igualmente algumas desvantagens :
• Raramente dão analgesia completa.
• Causam sedação e possível depressão respiratória nas grávidas ou
recém-nascidos.
• Atrasam o esvaziamento gástrico, podendo precipitar náuseas e/ou
vómitos.
• Têm sido associados com efeitos adversos no feto/recém-nascido (perda
de variabilida de do batimento cardíaco, alterações neurocomporta-
mentais do recém-nascido).
Existem cinco classes, ou tipos, de fármacos comumente utilizados para
administração sistémica durante a analgesia do trabalho de parto:
– Opióides.
– Sedativos/ansiolíticos.
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