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volventes do episódio de dor sejam de natureza física ou de natureza emocio-
nal, dos factores mais próximos e que se sobrepõem à dor que agravam ou
aliviam esta e questionar sobre os sinais e sintomas associados, sejam de or-
dem geral ou locais.
Tópicos a desenvolver na história clínica
Perfil temporal da cefaleia – tipo de início (súbito, em crescendo, insidioso),
horário (matutina, vespertina), evolução (curta, progressiva, persistente com
flutuações, contínua sem remissão, paroxística, em salvas), cronológico (perí-
odo de stress, fase da vida, sazonal).
– Localização – fixa, variável, difusa.
– Carácter – pulsátil, fisgada, moedeira, outras.
– Intensidade (escala analógica visual, prejuízo funcional).
– Frequência (número de episódios por dia, mês ou ano).
– Actividade (em repouso, em esforço).
– Estado emocional (calmo, ansioso, depressivo).
– Padrão do sono (insónia, sonolência diurna).
– Avaliar crenças (espirituais, alternativas), significados (doença maligna,
lesão) e expectativas (cura mágica).
– Componente afectivo da cefaleia (quanto desagradável ou intrusiva).
– Ocupação.
– Actividade física.
– Factores – precipitantes, de agravamento, paliativos.
– Sintomas premonitórios, prodrómicos, associados (neurológicos, físi-
cos, cognitivos, emocionais).
– Consequências da cefaleia (incapacidade funcional, benefícios).
– Presença de litigação.
– Tratamentos anteriores e actuais (mal sucedidos, bem sucedidos).
– Padrão de uso de fármacos.
– Antecedentes pessoais – patológicos, hábitos pessoais (álcool, café, outros),
acontecimentos vitais, vínculos e perdas (lutos), relacionamentos (instabi-
lidade, tensão, ruptura), adaptação, alterações do estado emocional.
– Antecedentes familiares – patológicos, relacionais.
– Avaliação de sintomas de depressão e ansiedade.
No início da avaliação diagnóstica há necessidade de distinguirmos, se
possível, ou suspeitarmos de imediato se estamos perante uma cefaleia primá-
ria ou idiopática ou uma cefaleia secundária a um grave problema orgânico.
Este é um passo prioritário para o diagnóstico. Determinados sinais ou sinto-
mas devem alertar-nos para uma urgente decisão: se a dor de cabeça tem um
início abrupto ou em crescendo, a idade tardia do doente, se a frequência da ce-
faleia aumenta progressivamente, se existem sinais anormais neurológicos (outros
que não a aura típica) ou físicos (edema da papila, febre, rigidez da nuca, rash),
se a cefaleia é refractária ao tratamento adequado, se a cefaleia se demarca das
características habituais, se a cefaleia é um novo sintoma num paciente com
cancro ou síndrome de imunodeficiência adquirida, deve colocar-se forte suspei-
ta da origem orgânica ou sintomática da dor de cabeça e proceder-se a exames
complementares de diagnóstico.
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