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O exame físico é importante, incluindo, principalmente, os sinais vitais, a
auscultação cardíaca e pulmonar e o exame neurológico. O exame neurológico
é essencial na pesquisa e exclusão de cefaleias secundárias a lesões orgânicas.
A observação atenta de sinais de congestão ocular, miose, edema palpebral,
rinorreia ou outros sinais faciais são importantes na crise. A palpação manual
da cabeça, pescoço e região escapular é imprescindível. Nesta, podemos pes-
quisar pontos trigger de síndrome miofascial, a sensibilidade muscular, pontos
dolorosos a nível da coluna cervical, massas, adenopatias, ou áreas de alodinia.
Também o exame da mobilidade passiva, contra-resistência e activa da cabeça
e pescoço nos pode dar indicações sobre o compromisso ou disfunção osteo-
articular a nível da região cervical, a observação da postura do paciente e da
coluna vertebral de um modo global e não apenas cervical. A rigidez da nuca
é um sinal importante em várias doenças neurológicas como hemorragia su-
baracnoideia, meningite. Pode não estar presente desde o início da cefaleia
mas apenas, após algumas horas. A observação da cavidade oral pode excluir
a presença de cáries dentárias com infecções.
Em geral, a maioria dos doentes com cefaleias tem exame físico sem alte-
rações relevantes mas existem excepções importantes e em caso algum o
exame físico deve ser facilitado. Só a atenção e revisão permanente de causas
secundárias de cefaleias permite que se evite o pior e não se pode esquecer
que um paciente com cefaleia primária não está livre de ter uma outra causa
de dor de cabeça, ou que uma outra condição orgânica pode agravar uma ce-
faleia preexistente.
As análises laboratoriais são necessárias pois são múltiplas as causas de
dor de cabeça ou de agravamento, embora estas devam ser solicitadas e orien-
tadas por suspeição clínica de um diagnóstico após a observação cuidada do
doente. Na presença de comorbilidade pode ser importante a avaliação ou
rastreio analítico para a intervenção terapêutica. Também, em termos gerais,
para monitorização do doente nas possíveis consequências da medicação a
nível hematológico, renal e hepático. Também podem ser necessárias para
avaliação de consumo abusivo de substâncias analgésicas ou psicoactivas.
Como exemplo temos as situações de infecção, de tireotoxicose ou de ane-
mia.
Os exames complementares de diagnóstico na presença de uma cefaleia
são um contributo importante para o estudo clínico, excluir diagnósticos dife-
renciais e chegar a um diagnóstico seguro, até de uma cefaleia primária. O
facto de estarmos perante uma cefaleia com características disfuncionais e que
cede a analgésicos não nos deve tranquilizar, existem casos em que a medica-
ção pode mascarar a presença de uma doença orgânica temporariamente. A
sua execução imediata pode ser imprescindível em cefaleias agudas e subagu-
das com sinais orgânicos associados ou com suspeita de organicidade. O
mesmo acontece em casos de cefaleias resistentes a intervenções terapêuticas
adequadas e nas cefaleias que cursam de um modo atípico. É importante ter
em conta que os exames complementares de diagnóstico não substituem uma
boa história e observação clínica e que esta é a verdadeira arte médica. Por
vezes, achados orgânicos não fazem parte das causas da dor de cabeça do
doente mas também verificamos com a evolução dos métodos complementares
que estes são de grande utilidade nos casos complexos e atípicos, e que de
outro modo sem estes nunca conseguiríamos o esclarecimento dos casos clí-
nicos.
A tomografia axial computorizada (TC) está indicada no rastreio de lesões
orgânicas a nível cerebral ou da coluna vertebral. Situações como suspeita de
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