Page 44 Opióides
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A síndrome da secreção inapropriada de hormona antidiurética
é uma síndrome rara, geralmente transitória. Está mais associado à
administração de morfina ou de metadona.


Tolerância e dependência física

A tolerância aos opióides e a dependência física, que se estabelecem
após administração prolongada de opióides, não devem ser confundidas
com a dependência psicológica, que se manifesta por um comportamen-
to abusivo destes fármacos. Esta falta de esclarecimento tem conduzi-
do a práticas muito deficientes e ineficazes em relação à administração
de opióides em doentes crónicos.
A tolerância para os efeitos adversos dos opióides, tais como a sono-
lência e as náuseas, parecem desenvolver-se rapidamente, o que é um bom
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fenómeno clínico . No entanto, a tolerância ao efeito analgésico, é defi-
nida como a necessidade de serem aumentadas gradualmente as doses de
opióides a serem efectuadas em doentes crónicos, de modo a serem ob-
tidos os mesmos efeitos analgésicos 4,100 . Geralmente manifestam-se por
uma redução progressiva na duração da analgesia para uma certa dose.

A tolerância tem sido explicada pela dessensibilização dos recepto-
res opióides e pela perda dos receptores funcionais da superfície celu-
lar. Contudo, estudos biológicos moleculares levaram os investigadores
a rever estes conceitos ao verificarem que a morfina nem sempre pro-
move a redução destes receptores da superfície celular. Parece que a
activação do subtipo NMDA do receptor do glutamato funciona como
um sistema antiopióide no desenvolvimento da tolerância da morfi-
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na . O desenvolvimento da tolerância varia muito de doente para
doente. O diagnóstico diferencial deve ser feito com o agravamento
da doença de base, que geralmente se manifesta por uma necessidade
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súbita de administrar doses mais elevadas de opióides . Por razões
desconhecidas, o desenvolvimento de tolerância é muito variável de do-
ente para doente podendo-se manifestar ao fim de alguns dias ou os
doentes permanecerem bem controlados com a mesma dose de opióide
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durante vários meses . Com o desenvolvimento de tolerância, torna-se
necessário proceder ao incremento da dose a administrar e/ou aumen-
tar a frequência das administrações, até se obter o alívio dos sinto-
mas. Parece não haver limite para o desenvolvimento da tolerância.
Em doentes oncológicos, os opióides não devem ser administrados com
parcimónia, nem com receio, uma vez que estas condutas conduzem
inevitavelmente à perda do controlo analgésico do doente. A adminis-
tração endovenosa em perfusão contínua parece conduzir ao desenvol-
vimento de tolerância mais rapidamente. Assim, a administração por


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