Page 42 Opióides
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ria é relativamente frequente com a administração dos opióides por via
parentérica mas pouco frequente quando são administrados por via oral.
Em situações graves, é sempre acompanhada por outros sinais de depres-
são do sistema nervoso (ex.: sonolência, obnubilação mental), que na
grande maioria das ocorrências se manifestam previamente à depressão
respiratória. Alguns grupos de pacientes são especialmente sensíveis à
depressão respiratória tais como: os idosos, os doentes em hipovolémia,
os alcoólicos e os doentes com patologia respiratória, renal ou hepática.
Doentes com insuficiência respiratória grave ou asmáticos têm um risco
elevado de desenvolverem depressão respiratória com as doses habituais
de opióides. A acumulação subsequente de CO conduz a vasodilatação
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cerebral e a um aumento da pressão do líquido céfalo-raquidiano .
Num doente sintomático a estimulação física pode ser a «primeira te-
rapêutica» para evitar a hipoventilação grave. Os antagonistas dos opióides
(ex.: naloxona), devem ser administrados com cuidado, a fim de evitar um
síndrome de abstinência e o retorno do estado doloroso. Para evitar esta
situação, as doses a administrar devem ser parcimoniosas, (0,4 mg diluídos
em 10 cc de soro fisiológico, administrado em incrementos de 0,5 cc por
minuto), devendo titular-se a administração de naloxona pela frequência
respiratória do doente 87-89 . A curta semi-vida da naloxona implica a vigilân-
cia contínua dos doentes medicados com morfina de libertação controlada,
fentanil transdérmico ou metadona. Nestes casos, por vezes é necessário
a administração de naloxona em doses repetidas ou em perfusão, a fim de
evitar o reaparecimento da depressão respiratória.


Intoxicação aguda

Este efeito adverso é causado pela administração de uma dose exces-
siva de opióides, por deficiente avaliação clínica ou por administração
acidental. Por vezes, pode produzir-se toxicidade tardia em consequên-
cia da administração de opióides em zonas hipoperfundidas (ex.: cho-
que). Nestes casos, o fármaco não é absorvido na sua totalidade e quando
se restabelece a circulação normal pode absorver-se subitamente uma
quantidade excessiva.
O quadro clínico caracteriza-se por miose, bradipneia, flacidez mus-
cular, convulsões, e/ou edema pulmonar. A tríade coma, miose e depres-
são respiratória sugere fortemente a sobreadministração de opióides.
A terapêutica consiste em restabelecer a permeabilidade das vias
respiratórias, ventilar o doente, recorrendo se necessário à ventilação
controlada com oxigénio a 100% e administrar por via endovenosa,
antagonistas dos opióides, como seja a naloxona. A curta semi-vida da


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