Page 39 Opióides
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deia/epidural, sendo uma boa opção no pós-operatório imediato, só
deve ser utilizada na dor crónica, perante uma dor refractária.
Uma palavra final para a necessidade de monitorizar cautelosamen-
te o doente quando se alteram as vias de administração, o opióide ou
a dose a administrar. No caso da passagem da via parentérica para a
via oral, deve-se reduzir gradualmente a dose administrada por via
parentérica, enquanto se incrementa a dose administrada por via oral,
durante um período de dois a três dias. A substituição do opióide a
administrar deve obedecer aos mesmos princípios de rigorosa monito-
rização, à consulta da tabela de equivalências entre opióides, e deverá
iniciar-se a administração do novo opióide com uma carga de cerca de
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50% da dose analgésica deste novo opióide .
Efeitos adversos dos opióides
Sempre que se administram opióides, é regra o aparecimento de efeitos
adversos em número significativo. Os mais frequentes, são: a obstipa-
ção, as náuseas, os vómitos, a sedação e as alterações cognitivas. Ou-
tros efeitos, menos frequentes são: a depressão respiratória, a secura
da boca, a retenção urinária, o prurido, a mioclonia, a disforia, as per-
turbações do humor, as perturbações do sono, a disfunção sexual, a
dependência física, a tolerância e a secreção inapropriada da hormona
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antidiurética . Uma vez que existe grande variabilidade individual no
desenvolvimento destes efeitos, é fundamental a vigilância clínica e o
tratamento profilático de algumas destas manifestações clínicas.
Obstipação
Sendo um dos efeitos adversos mais frequentes, manifesta-se pela ini-
bição das contracções propulsivas do cólon com simultânea estimula-
ção das contracções não-propulsivas e pela redução das secreções
intestinais provocadas pelos opióides 6,76 . É caracterizado pelo não de-
senvolvimento (ou por um desenvolvimento muito lento) da tolerância
durante a terapêutica crónica. Atendendo à população que faz terapêu-
tica com opióides (ex.: doentes oncológicos), é importante inspeccionar
cuidadosamente uma obstipação que se agrava com o tempo. Podemos
estar em presença de um agravamento da doença base (ex.: obstrução
intestinal, íleus paralítico devido a compressão medular, diminuição da
ingestão de alimentos e água devido à anorexia) .
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Atendendo à frequência elevada da sua manifestação, há quem
advogue o uso profilático de laxantes, principalmente nos idosos ou
doentes com patologia gastrointestinal. O tratamento e/ou a profila-
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