Page 360 Guia para o Tratamento da Dor em Contextos de Poucos Recursos

 Primeiro, é preciso um programa
introdutório de defesa para o público
em geral e para os profissionais. Todos
os profissionais do hospital e da
vizinhança devem ter a oportunidade de
participar de tal programa. Quanto mais
pessoas forem sensibilizadas, melhor a
resposta a seu serviço de tratamento da
dor. Todos os profissionais envolvidos
de alguma forma com o programa de
tratamento da dor, inclusive a vai considerar impossível atender a todos os
enfermagem, deve poder avaliar a dor e
entender os fundamentos do tratamento
da dor.
 Segundo, os profissionais que tratam a
dor devem todos ter no mínimo algumas
semanas de “mão na massa”, como o
curso de certificação mencionado acima.
 Terceiro (e idealmente), pelo menos um
ou dois membros da equipe devem,
assim que possível, obter o nível de
especialização oferecido por programas
de aprimoramento em regime de tempo
integral com ou certificação.
Quais são os desafios da
disponibilidade de
medicamentos?
As questões relacionadas à disponibilidade de
opióides, principalmente questões legais, já foram
detalhadas em outro capítulo. A acessibilidade dos
medicamentos é um problema muito preocupante
nos países em desenvolvimento. Infelizmente, e
com frequência, os medicamentos mais
dispendiosos estão disponíveis nos países em
desenvolvimento enquanto que os mais baratos
estão desaparecendo lentamente e vão sair do
mercado. Organizações, como os capítulos regionais
da Associação Internacional para o Estudo da Dor
(AIED/IASP) têm uma função muito importante
de influenciar políticas medicamentosas nacionais
ou regionais para que medicamentos acessíveis e
essenciais estejam disponíveis. Tal esforço, por
exemplo, resultou na disponibilidade de uma
semana de suprimento de morfina oral ao preço de
um filão de pão em Uganda.
Quais são os desafios de
uma política institucional?
Seja o serviço de dor parte de um hospital ou um
serviço independente, são necessárias algumas
decisões políticas claras. Se o serviço tem sucesso, é
provável que a demanda seja enorme, e logo o
serviço vai estar inundado de pacientes e o serviço
necessitados. Os pontos a seguir devem ser úteis
como princípios orientadores.
Estabelecer metas realísticas: Pode ser prudente começar
com algo facilmente alcançável. Se o serviço é parte
de um grande departamento de anestesiologia que já
tem uma função considerável no tratamento pós-
operatório, pode ser mais fácil começar com um
programa de tratamento da dor pós-operatória. Um
hospital do câncer pode achar mais fácil começar
com um ambulatório para tratamento da dor
oncológica. Um serviço independente pode achar
mais fácil começar com um serviço de dor crônica.
Abordagem multidisciplinar: Idealmente, o tratamento
da dor deve ser um esforço multidisciplinar.
Voluntários, assistentes sociais, enfermeiros, clínicos
gerais, anestesiologistas, oncologistas, neurologistas,
psiquiatras e outros especialistas têm um papel a
desempenhar. No entanto, todas essas pessoas
sentadas em torno de uma mesa para cuidar de um
só paciente é um ideal que jamais será atingido.
Faria mais sentido ter um sistema de consultas
quando necessário. Ao mesmo tempo, quanto
melhor for a interação entre o assistente social, o
enfermeiro e o terapeuta da dor, maior a
possibilidade de um resultado melhor.