Page 7 Volume 11, Número 1, 2003
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neurological evolution, on systems which generate pain and their systemic effects on children. Their self
evaluation was positively correlated with their know and practices of cares and it was also statistically
significant. Professional working time, professional category, specialization, type of specialization and
regular attendance of professional courses were the variables that showed to influence nurses’ know and
practices of cares in a way which was statistically significant.
Some important differences in nurses’ know and practices of cares were also found in hospitals, as well as
in surgical, medical, consultation and neonatal units.
In conclusion, pediatric nurses’ know and practices of cares are positive; however, the percentage of nurses,
who should reflect about their way of acting when they take care of children with pain, should not be neglected.
SIGLAS
AAP – Associação Americana de Pediatria PCA – Patient controlled analgesia
CEO – Consultas externas e outros serviços RN – Recém-nascido
DGS – Direcção Geral de Saúde SCQ – Serviço de Cirurgia/Queimados
EMLA – Eutectic Mixture of Local Anesthetics SM – Serviço de Medicina
HL – Hospital Santo André de Leiria SNC – Sistema nervoso central
HP – Hospital Pediátrico de Coimbra SO – Serviço de Neuroortotraumatologia
HV – Hospital São Teotónio de Viseu SU – Serviço de Urgência
OMS – Organização Mundial de Saúde UCI – Unidade de Cuidados Intensivos
Introdução Tem sido uma preocupação crescente a descoberta
de estratégias para ajudar os enfermeiros a cuidarem
Todos nós sentimos dor, com excepção de um pe- dos que sofrem com dor. Não duvidamos que os pro-
queno grupo de pessoas congenitamente incapazes fissionais de enfermagem pretendam assumir os
de a sentir . Ela constitui uma experiência humana princípios humanistas, como regra de conduta, mas a
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universal que, desde sempre, interessou à enferma- realidade revela, por vezes, práticas, nem sempre co-
gem como ciência e arte de cuidar a pessoa. erentes com estes princípios . A dor na criança, como
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Dentro dos elementos de uma equipa de saúde, o preocupação recente, é o exemplo paradigmático que
enfermeiro é o profissional que tem um contacto mede o quanto temos andado afastados da ciência .
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mais próximo e prolongado com o utente. Esta rela- Apesar dos avanços científicos da última década,
ção privilegiada acarreta uma responsabilidade em muitos casos, maior informação não contribuíu
acrescida na promoção e manutenção do bem-estar para mudar necessariamente os saberes e práticas
das pessoas, pois o enfermeiro desempenha um face à dor na criança . Os estudos desenvolvidos
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papel chave na resolução do problema da dor . têm contribuído para a desmistificação de mitos e
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Compete-lhe cuidar do ser humano, isto é, ser uma crenças, e os novos conceitos na abordagem da cri-
pessoa que acompanha outra pessoa que dele ne- ança com dor e sua família tem-se repercutido ne-
cessita, percebendo que a saúde é um processo de cessariamente na prática de cuidados de muitos
mudança que testemunha a prioridade dos valores de profissionais de saúde . Todavia, a dor continua a
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cada um, na qual o homem deve ser entendido como ser um fenómeno não totalmente conhecido e envol-
um ser global, inserido num meio singular e próprio. to em muitas crenças e mitos, que explicam o insu-
A dor, sendo uma das principais causas que le- cesso no seu controlo eficaz 4-6,10-15 .
vam as pessoas a procurarem ajuda nos diversos Em pediatria estamos ainda na fase de desmonta-
serviços de saúde, faz com que todos os enfermei- gem de mitos e saberes e práticas que suportam a
ros inevitavelmente lidem com ela (Pimentel, 1992). negligencia dos cuidados . São alguns testemu-
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Enquanto experiência humana, a dor é um fenómeno nhos desta ideia os trabalhos realizados por Vorther-
complexo, subjectivo, que deve ser analisado como ex- ms, et al. , que, ao estudar enfermeiros que traba-
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periência pessoal de quem a vivência, e como experi- lhavam em serviços de oncologia, verificaram que
ência pessoal daquele que presta os cuidados para o estes não tinham saberes e práticas definidas e con-
seu alívio. Um e outro são influenciados por mitos, cren- sistentes quando lidavam com o problema da dor, e
ças, medos, preconceitos, valores culturais e religiosos cerca de 20% acreditavam que os doentes se quei-
que, muitas vezes, impedem uma abordagem lúcida, in- xavam mais do que a dor que realmente sentiam.
dispensável a uma verdadeira intervenção cuidativa . Broome, et al. , ao analisar os cuidados prestados
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Actualmente, o desenvolvimento da ciência pro- por médicos e enfermeiros, confirmaram uma maior
porciona-nos um conhecimento cada vez mais apu- negligencia no alívio da dor nas crianças mais pe-
DOR rado do fenómeno dor, pelo que a ignorância neste quenas. Porter, et al. , num estudo semelhante, con-
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campo é inadmissível . Todos nós temos o direito a
cluíram que, apesar dos profissionais de saúde ad-
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6 não sofrer de dor . mitirem que as crianças pequenas sentiam dor, a
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