Page 9 Volume 18 - N.1 - 2010
P. 9
Dor (2010) 18
Dor (2010) 18
Analgesia do Trabalho de Parto:
Perspectivas e Avanços
Lisbete Cordeiro , Irene Ferreira , Alejandro Martin , Laila Castelo-Branco
1
1
3
2
e Luís Liça 3
Resumo
A dor associada ao trabalho de parto é considerada intensa e excruciante. Na primeira fase do trabalho de
parto a dor advém, inicialmente, da dilatação do segmento inferior do útero e do cérvix. No final da primeira
fase e na segunda fase, a dor tem origem na dilatação do canal de parto, com distensão dos tecidos da
vagina e do períneo. Para dar resposta às necessidades maternas dispomos de vários métodos analgésicos.
Os métodos não-farmacológicos são diversos, mas a maioria apresenta parca evidência científica. Os mais
estudados incluem a acupunctura, a hipnoterapia, a hidroterapia e o recurso à estimulação nervosa eléctrica
transcutânea (TENS). A analgesia sistémica, com recurso aos opióides, é vantajosa quando é impossível a
realização de técnicas analgésicas do neuroeixo. O remifentanilo parece ser uma mais-valia nestas situações.
A analgesia do neuroeixo, considerada a técnica por excelência no alívio da dor no trabalho de parto, é o
único método que promove o alívio da dor com mínimos efeitos maternos e fetais. As baixas doses de
anestésicos locais e opióides e a deambulação abriram novos horizontes na evolução deste método analgésico.
Com o avanço tecnológico e médico, assiste-se ao desenvolvimento de novos sistemas de administração de
fármacos e ao renascimento de antigas técnicas, como a analgesia intratecal contínua. São necessários mais
estudos de modo a expandirmos as possibilidades analgésicas no trabalho de parto e adaptá-las às
necessidades particulares de cada grávida e à evolução do trabalho de parto, com mínimos efeitos adversos
maternos e fetais.
Palavras-chave: Dor. Trabalho de parto. Analgesia. Técnicas.
Abstract
Pain associated with labor is considered intense and excruciating. In the first stage of labor, pain is initially
caused by the dilation of the inferior segment of the uterus and cervix. Pain from the late first stage and
second stage of labor arises from the dilation of the birth canal with stretching of perineal and vaginal
tissues. In order to attend to the mother’s analgesic needs, several methods are at our disposal. There are
many nonpharmacological methods, although most of them lack scientific evidence. The most studied include
acupuncture, hypnotherapy, hydrotherapy, and transcutaneous electrical nerve stimulation. Systemic analgesia
with the use of opioids is advantageous when it is not possible to use neuraxial techniques. Remifentanil
seems to be an alternative in such situations. Neuraxial analgesia is considered to be the most effective
means of providing pain relief in labor, with minimal fetal and maternal effects. The use of low doses of local
anesthetics with opioids and deambulation opened new possibilities for this analgesic method. With both
technological and medical advances, new administration routes are being developed and old techniques,
such as continuous spinal analgesia, are being recovered. More research is needed in order not only to
expand the alternatives offered for labor pain relief, but also to adapt them to the specific needs of each
woman, with minimal fetal and maternal effects. (Dor. 2010;18(1):8-14)
Corresponding author: Lisbete Cordeiro, lisbano@gmail.com
Key words: Pain. Labor. Analgesia. Techniques.
1 Assistente Hospitalar de Anestesiologia
2 Assistente Hospitalar Graduada de Anestesiologia
Interno do Internato Complementar de Anestesiologia
DOR 3 Centro Hospitalar de Setúbal – Hospital de São Bernardo
8 Setúbal
E-mail: lisbano@gmail.com